A greve estudantil pelo clima quer ser global no próximo dia 27 de Setembro e os organizadores em Portugal vão chamar sindicatos e autarquias para lutarem contra as alterações climáticas — como já haviam dito, em entrevista ao P3, em Maio —, reconhecendo que será difícil trazer alguns sectores económicos. Em conferência de imprensa, alguns dos organizadores da Greve Climática Global lançaram um apelo que se pretende que vá além dos estudantes, que começaram este ano a “dar um sinal inequívoco a todo o planeta de que o que está a ser feito não chega”, como afirmou o activista João Camargo, da Climáximo.
Aos trabalhadores dos sectores poluentes pretendem dizer que “têm de ser os primeiros envolvidos” e que “deverão ser a prioridade numa nova indústria” a surgir para os substituir, na transição da economia baseada na exploração de combustíveis fósseis para energias não poluentes.
“Não há dúvidas de que essa transição energética está em curso e tem de ser muito mais acelerada”, afirmou. “Se os trabalhadores decidirem ser passivos neste processo, ficarão muito expostos ao que são, estritamente, decisões das empresas”, que “não terão nenhum pejo em, quando for decidido que um sector tem de terminar, encerrar e deixar os trabalhadores entregues a eles próprios”.
A activista Maria João Justino Alves, da associação Salvem o Surf, afirmou que todas as câmaras municipais e universidades do país foram contactadas para participar na greve global — e já houve respostas de várias, sem precisar.
O sindicalista José Oliveira, do Sindicato de Todos os Professores (STOP), afirmou que os professores têm “plena consciência da gravidade” da situação climática e que a sua profissão lhes permite “chegar a muitos alunos e famílias para as alertar”.
“Apelamos para que mais instituições, mais sindicatos e mais organizações da sociedade civil se juntem a nós. É um problema que afecta todos”, declarou.
João Camargo afirmou que “esta greve, em alguns casos, não é fácil de explicar” a trabalhadores de sectores que dependem ou exploram os hidrocarbonetos para funcionar. “Estamos a entrar em campos desconhecidos, tanto a nível do clima como das mobilizações sociais que lhe podem responder”, indicou, afirmando que os organizadores da greve já contactaram a CGTP-Intersindical, de quem receberam “abertura e apoio” para já. Contudo, a maneira como as maiores organizações laborais podem participar na greve “é um processo que tem que se ir trabalhando”.
João Camargo salientou também que “o mundo é movido à força de trabalho” e, sem o envolver, “resolver a crise climática com humanidade e justiça é uma fantasia”.
Diogo Silva, um dos organizadores, apelou ainda à comunidade artística portuguesa para participar nas acções da semana que antecederá a greve e “trazer a cultura para o clima” porque “a mobilização social também depende disso”.
Na semana que antecede o dia da greve climática global, 27 de Setembro, haverá “ciclos de cinema climáticos” em vários pontos do país, entre outras iniciativas que irão sendo anunciadas, indicou.