Polícia prendeu mais de mil pessoas em Moscovo num protesto da oposição

Interdição da entrada da oposição nas eleições para a assembleia municipal da capital russa levou Navalni a convocar manifestação e à detenção de vários activistas anti-Putin.

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Participaram milhares de pessoas no protesto YURI KOCHETKOV/EPA
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Maxim Shemetov/REUTERS

A polícia russa deteve mais de mil pessoas este sábado, incluindo vários activistas da oposição conhecidos, num protesto contra o afastamento da participação da oposição nas eleições para a assembleia municipal de Moscovo de Setembro. A manifestação junto ao gabinete do presidente da câmara tinha sido convocada por Alexei Navalni, que foi detido esta semana.

A interdição da entrada da oposição nas eleições é justificada por não terem conseguido recolher um número de assinaturas comprovadas suficiente para a sua candidatura – o que a oposição ligada a Navalni diz ser falso. Navalni, um blogger que se tornou o mais forte rosto da oposição ao Presidente Vladimir Putin, foi detido na quarta-feira a e condenado a uma pena de 30 dias, e outros opositores viram as suas residências serem alvo de buscas.

Ilia Iashin, aliado de Navalni, disse no Facebook que a sua casa foi revistada pela polícia durante a noite, que foi detido e levado para fora de Moscovo. Kira Iarmish, porta-voz de Navalni, disse no Twitter que juntamente com outra activista, tinha sido detida neste sábado de manhã.

O OVD-Info, um grupo de monitorização, diz que a polícia deteve mais de mil pessoas antes ou durante o protesto, no qual participaram milhares de pessoas. A polícia contabiliza a participação na manifestação em 3500 pessoas, das quais 700 eram jornalistas ou bloggers, relata a Reuters. A agência noticiosa diz que bastava passar pelo local da manifestação para ser detido.

 A agência noticiosa diz que bastava passar pelo local da manifestação para ser detido. “Estava apenas sentado num banco [quando me levaram]”, contou à Reuters Alexander Latishev, de 45 anos, um dos detidos, que tinha acabado de chegar a Moscovo da região de Vladimir, numa viagem de negócios, quando foi levado pela polícia.
Alguns manifestantes foram presos duas vezes — depois de serem libertados, voltaram para o local do protesto, e foram detidos novamente, relata a Reuters. 

Embora não se trate de uma eleição de projecção nacional, a oposição moscovita quer tentar entrar na assembleia municipal da capital, onde os candidatos do Kremlin não se têm mostrado assim tão populares como noutras zonas do país. Além disso a popularidade de Putin está num momento descendente  — embora continue acima de 60% —, devido a uma reforma do sistema de pensões recente e a cinco anos consecutivos de queda dos salários reais.

Em 2017, Alexei Navalni foi proibido de concorrer às eleições presidenciais contra Vladimir Putin, sob o argumento de que seria inelegível por já ter sido condenado por fraude e desvio de fundos. Em Abril de 2019, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos acusou a Rússia de violar direitos do líder da oposição, por tê-lo colocado em em prisão domiciliária, desde Fevereiro de 2014 - uma decisão que teve como objectivo “limitar as suas actividades políticas”.