Lucros do Google sobem 32%, mesmo com aumento do escrutínio dos reguladores
Tal como acontece com outras grandes tecnológicas, o escrutínio do Google por autoridades governamentais tem aumentado, mas a empresa não se mostrou preocupada durante a apresentação de resultados.
Controvérsias sobre notícias falsas, multas de reguladores europeus, protestos sobre discriminação e assédio no espaço de trabalho e o escrutínio governamental não impediram o Google de acabar o primeiro semestre de 2019 com lucros acima do esperado. Esta quinta-feira, a empresa-mãe do Google, a Alphabet, anunciou lucros de 16,6 mil milhões de dólares nos primeiros seis meses do ano. Representa um aumento de cerca de 32% face ao mesmo período de 2018.
Só entre Abril e Junho, a empresa reportou 38,9 mil milhões de dólares em receitas, acima da projecção de 38,2 mil milhões de dólares de Wall Street. Um dos motivos para o acentuado crescimento dos resultados é o valor decrescente das multas aplicadas pelos reguladores europeus. Em 2018, o Google recebeu uma multa recorde de 4,3 mil milhões de euros da Comissão Europeia – a maior de sempre na altura por práticas anticoncorrenciais – por abuso de dominância do sistema operativo Android. Este ano, apesar de a empresa voltar a ser multada (desta vez por abusos na publicidade), o valor ficou-se pelos 1490 milhões de euros.
Nos últimos anos, à semelhança do que acontece com outras grandes tecnológicas (como o Facebook, a Amazon e a Apple), o escrutínio do Google por autoridades governamentais tem aumentado, mas a empresa não se mostrou preocupada durante a recente apresentação de resultados. “Percebemos que vai existir escrutínio”, disse Sundar Pichai, o presidente executivo do Google, em resposta a questões dos investidores depois da apresentação. “O processo não é novidade para nós. Já participamos em situações semelhantes.”
Para Pichai, porém, o foco tem de ser nos produtos. Durante a apresentação, destacou novas funcionalidades do Google Maps (como a capacidade de avisar quando um autocarro está atrasado) e melhorias na forma como os utilizadores controlam os dados que divulgam (vai ser possível, por exemplo, navegar em modo incógnito no Google Maps).
Mas apesar do reforço na privacidade, a publicidade continua a ser a principal fonte de receitas para o Google (representa cerca de 80% do negócio total da Alphabet). Na base, estão os dados que a empresa guarda dos utilizadores e que permitem identificar os gostos e preferências e colocá-los em perfis de idade, nível de rendimentos e localização.
Além dos anúncios, as maiores fontes de receita para o Google são o YouTube e os servidores “em nuvem”. O sistema (conhecido por cloud, em inglês) permite que os clientes guardem ficheiros em centros de dados do Google, acessíveis através da Internet.
O lucro gerado com as principais fontes de negócio da Alphabet, contribuem para o investimento do sector de “outras apostas”, que incluem projectos como a tecnologia de condução autónoma da empresa, o Waymo. Este ano, a empresa já investiu perto de mil milhões de dólares no sector de “outras apostas”.
Durante a apresentação de resultados, a empresa também aproveitou para referir que emprega 107 646 empregados, mais 20% que no ano anterior.
Notícia corrigida: Valores corrigidos. Uma versão anterior dizia que a Alphabet apresentava valores de 1660 milhões de dólares e 3820 milhões de dólares em receitas.