Taxas de juro dos novos créditos à habitação voltam a baixar em Junho
Descida dos juros nos novos créditos mantém-se desde Abril. No total dos créditos existentes, a tendência ligeira de subida de juros manteve-se.
Apesar de continuar a ter de suportar uma taxa de juro mais alta do que a média dos créditos já existentes, quem recorreu a um empréstimo para compra de habitação entre Abril e Junho deste ano conseguiu fazê-lo a uma taxa de juro mais baixa do que a aplicada nos meses anteriores, confirmando a tendência de melhoria das condições de acesso a novos créditos que se regista desde o início do segundo trimestre deste ano.
De acordo com os dados publicados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, a taxa de juro implícita no total dos contratos de crédito à habitação registou em Junho uma ligeira subida de 1,08% para 1,081%. Manteve-se assim, a tendência ascendente que se verifica desde que este indicador atingiu em Junho do ano passado um mínimo de 1,007%.
No entanto, quando se olha para os novos créditos à habitação concedidos, os dados do INE revelam uma tendência redução das taxas de juro praticadas pelos bancos. Em Junho, a taxa de juro média dos contratos celebrados nos últimos três meses foi de 1,267%, uma descida face aos 1,394% registados em Maio. Em Abril, este indicador estava nos 1,411%.
Com as taxas Euribor a níveis próximos do mínimo (e em terreno negativo), os números agora divulgados pelo INE mostram que, apesar de ainda estarem acima do valor médio da totalidade dos empréstimos, os spreads praticados pelos bancos nos novos créditos à habitação têm vindo a descer nos últimos três meses.
O INE revela ainda que, no que diz respeito à totalidade dos contratos, o valor médio da prestação vencida subiu um euro em Junho, para 247 euros, sendo que, deste valor, 48 euros correspondem ao pagamento de juros e 199 euros a capital amortizado. Nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, o valor médio da prestação desceu 39 euros, para 292 euros, com 105 euros deste valor a corresponder ao pagamento de juros.
Esta evolução dos juros no crédito à habitação acontece numa altura em que, no mercado, a expectativa é de um reforço dos estímulos monetários oferecidos pelo Banco Central Europeu. Existe a expectativa de que, na reunião do conselho de governadores agendada para esta semana, possa ser decidida uma descida da taxa de juro de depósito (que actualmente já se encontra em terreno negativo), algo que constitui uma pressão descendente para o valor das taxas Euribor, o indexante da grande maioria dos contratos de crédito à habitação concedidos em Portugal.
No que diz respeito aos spreads aplicados pelos bancos portugueses, o Banco de Portugal tem vindo nos últimos meses a aumentar o tom de alerta em relação aos riscos de uma excessiva facilitação do acesso ao crédito, lembrando o esforço a que os devedores poderão ficar expostos num cenário futuro de subida das taxas de juro.