A sociedade “tem pouca paciência para pessoas que estão tristes”

Como ajudar alguém com depressão? Não importa tanto o que se diz, mas o que se faz. Estar “já é imenso”. A doença afecta 7,9% dos portugueses.

Foto
Death and the Maiden, Egon Schiele, 1915, Belvedere, Viena DR

Nos piores dias, Laura Antunes não conseguia forçar-se a sair da cama. “Nos dias em que conseguia, ficava no sofá. Ligava a televisão, mas não conseguia concentrar-me no que via. Ficava a divagar”, recorda esta psicóloga, 48 anos. Incapazes de perceber os meandros da depressão (“não há sangue, não há feridas à mostra”), familiares e amigos afadigavam-se em conselhos do género “Faz qualquer coisa que isso passa”, “Só tu é que te podes curar”, “Anima-te”, “Tens de sair de casa”, “Estás a exagerar”. São frases que todos já dissemos (ou ouvimos) e que visam resgatar quem se afunda num quadro depressivo. O efeito, porém, pode ser inócuo ou mesmo contraproducente. Quando alguém atravessa uma depressão, adianta o psiquiatra Pedro Afonso, “é incapaz de perspectivar um futuro menos negro e invectivas como “‘deixa lá isso’ ou ‘tens de reagir’ só servem para confrontar o doente com a sua incapacidade”.

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