Governo espanhol exige que família Franco devolva Pazo de Meirás

“Parece-nos evidente que se tratou de um negócio simulado”, diz a queixa contra os herdeiros do ditador.

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O Pazo de Meirás, na Galiza EPA
,Espanha franquista
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Francisco Franco com a mulher, Carmen Polo DR

O Governo espanhol, que espera que a Justiça autorize a exumação do corpo de Francisco Franco do Vale dos Caídos, abriu uma segunda frente de batalha com a família do ditador. Quer recuperar a propriedade conhecida por Pazo de Meirás, na Galiza, argumentando que a sua compra a Franco foi uma “fraude”.

“É um caso claro: agiram contra a lei”, disse esta quinta-feira o primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez, quando questionado sobre os motivos deste novo recurso a Justiça. 

Um “pazo” designa, na Galiza, uma casa nobre, normalmente rural. Meriás passou para as mãos de Franco em 1939, por pressão de elites locais que os historiadores consideram ter sido uma extorsão. 

Os advogados do Estado, contam os jornais espanhóis como o El País e o El Español desta quarta-feira, encontraram uma acta notarial que, argumentam, confirma que a venda da propriedade a Franco foi ilegal. O documento foi produzido três anos depois da primeira aquisição, classificada de forçada, e menciona 85 mil pesetas (a primeira compra falava em 400 mil pesetas).

A queixa entrou nos tribunais da Corunha e visa recuperar o Pazo para o património público (exigência que já foi feito pelo parlamento galego, onde uma resolução nesse sentido foi votada por unanimidade). 

“Parece-nos evidente que se tratou de um negócio simulado”, diz a queixa contra os herdeiros do ditador, os seus netos Carmen, Jaime, Aránzazu, Cristóbal, María del Mar e María de la O Martínez-Bordiú, que recentemente tentaram pôr a propriedade à venda por oito milhões de euros.

O Estado espanhol pretende também recuperar duas esculturas que pertenciam ao Pórtico da Glória da Catedral de Santiago de Compostela, também na posse dos Franco, e do palácio de Cornide, um edifício barroco também na Corunha, que da posse particular passou para o do Ministério da Educação que o vendeu em leilão nos anos de 1960 à mulher de Franco, Carmem Polo (que tinha o título de “senhora de Meirás").

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