Trump receia ataques nos EUA após retirada do Afeganistão, a “Harvard dos terroristas”
Presidente norte-americano diz que os líderes militares preferem “combater os terroristas no Afeganistão do que em casa”. Negociações com vista ao fim da guerra prosseguem apesar de ataque dos taliban em Cabul.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a dizer que quer retirar as tropas norte-americanas do Afeganistão, mas salientou o receio de que essa retirada transforme o país numa base para o lançamento de ataques terroristas nos Estados Unidos.
Numa entrevista no canal Fox News, transmitida na segunda-feira, Trump disse que o problema de retirar o contingente de 9000 militares norte-americanos do Afeganistão é o facto de o país ser “um laboratório para terroristas”.
“Eu chamo-lhe a Harvard dos terroristas”, disse o Presidente norte-americano.
Na entrevista, Trump disse que os oficiais norte-americanos lhe disseram que seria melhor combater os terroristas no Afeganistão do que em casa.
“Um general disse-me que preferia combatê-los lá do que no nosso país. Temos sempre de pensar nisso”, disse o Presidente norte-americano, que durante a campanha eleitoral de 2016 prometeu retirar as tropas do Afeganistão e do Iraque.
Mesmo que os EUA sigam em frente com o plano de retirada das tropas, ficaria no país uma “forte presença de espionagem”, disse Trump.
A entrevista na Fox News foi gravada no fim-de-semana, antes de um ataque dos taliban islamistas em Cabul que matou seis pessoas e feriu 105.
O enviado especial dos EUA, Zalmay Khalilzad, reuniu-se pela sétima vez na segunda-feira com os taliban no Qatar, no âmbito de um processo de negociação da paz que tem como objectivo pôr fim a uma guerra que começou há 18 anos.
O foco das conversações tem sido a exigência dos taliban de que as forças estrangeiras se retirem do Afeganistão, e a exigência dos EUA de que o Afeganistão não seja usado com uma base para o lançamento de ataques no estrangeiro.
Os EUA lançaram uma guerra contra o Afeganistão em resposta aos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, em Nova Iorque e no Pentágono, com o objectivo de depor os militantes taliban que protegiam o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden.