Rui Rio não encabeçará nenhuma lista às eleições de Outubro

Direcção do PSD escolhe Hugo Carvalho para “número um” do PSD no Porto e Filipa Roseta em Lisboa.

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Rui Rio escolheu os primeiros seis cabeças de lista LUSA/FERNANDO VELUDO

O líder do PSD escolheu cabeças de lista inéditos para alguns dos maiores círculos do país, com o presidente do Conselho Nacional de Juventude, Hugo Carvalho, a avançar pelo Porto e a vereadora de Cascais Filipa Roseta por Lisboa. Nas redes sociais, a decisão foi elogiada por Pedro Duarte, que há dias lançou o movimento Manifesto X, e por Carlos Carreiras.

Fonte oficial do PSD confirmou à Lusa os seis cabeças de lista às eleições legislativas noticiados na edição deste sábado do semanário Expresso e que incluem ainda a deputada e líder da JSD Margarida Balseiro Lopes por Leiria, a investigadora universitária Ana Miguel Santos (que tinha sido candidata a eurodeputado no 8.º lugar na lista do PSD) por Aveiro, o vogal da comissão política nacional e vereador em Guimarães André Coelho Lima por Braga e a advogada Mónica Quintela, porta-voz para a Justiça do Conselho Estratégico Nacional (CEN), por Coimbra.

Segundo a mesma fonte, Rui Rio não encabeçará qualquer círculo, e deverá haverá mais anúncios de cabeças de lista – cuja escolha é uma prerrogativa do presidente do partido – nos próximos dias.

Uma nova esperança

No Facebook, o social-democrata Pedro Duarte escreveu sobre o que considerou serem “as surpreendentes escolhas de Rui Rio" e defendeu que “devem merecer aplauso” porque “mostram rasgo, inovação, renovação e foco no futuro”. Nomes como Ana Miguel, Hugo Carvalho, João Moura ou André Coelho Lima são, para o ex-líder da JSD, “uma aposta segura numa geração diferente e cheia de talento”. 

“A política precisa de novas abordagens que complementem o saber acumulado e a experiência. Fica a esperança de que este promissor sinal signifique um novo tempo na afirmação de uma alternativa de futuro para Portugal. Ainda vamos a tempo”, arriscou Pedro Duarte, que lançou em meados do mês de Junho o Manifesto X com dez ideias para a próxima década. 

Carlos Carreiras, que vê a sua vereadora Filipa Roseta ser escolhida para cabeça de lista por Lisboa, também já elogiou publicamente as primeiras escolhas de Rio. Mas deixou um alerta: “Reconheço que como diz a notícia é uma aposta de ruptura e de risco (o que também valorizo) por parte de Rui Rio, pelo que a estratégia anunciada deve ser complementada com algumas precauções, para que esta aposta do presidente do PSD não possa ser questionada no sentido de que Rio, ao não ser cabeça de lista, é para poder continuar a dizer que nunca perdeu nenhuma eleição em que liderou a lista, ou que se trata de uma estratégia de colocar cordeiros pascais em cabeças de lista para o lobo mau se esconder atrás deles”.

Lisboa, Porto, Braga, Aveiro, Coimbra e Leiria representam cerca de dois terços do eleitorado e o objectivo foi “promover uma ruptura” e “abrir caminho a jovens e à sociedade civil”, dando um sinal de que o partido quer fazer uma aproximação ao eleitorado.

Dos seis nomes escolhidos, quatro são mulheres e apenas uma – Margarida Balseiro Lopes – é deputada. A líder da JSD e Hugo Carvalho têm menos de 30 anos.

Em 2015, foi o então presidente do partido, Pedro Passos Coelho, o cabeça de lista por Lisboa, o ex-ministro da Defesa José Pedro Aguiar-Branco foi número um pelo Porto, enquanto o antigo líder parlamentar Luís Montenegro encabeçou a lista em Aveiro.

Por Braga, avançou como cabeça de lista o ex-ministro do Ambiente e então número dois no PSD Jorge Moreira da Silva, em Coimbra a independente Margarida Mano e em Leiria a também na altura vice-presidente do PSD Teresa Morais.

Destes seis nomes que lideraram listas em 2015, apenas as duas deputadas ainda exercem o mandato na Assembleia da República, mas Teresa Morais já se excluiu das próximas listas.

Na altura em que se conhecem as primeiras escolhas da direcção do PSD para os candidatos a deputados, o antigo secretário-geral do partido Miguel Relvas mostra-se “muito preocupado” com o actual líder, Rui Rio, considerando que actualmente “o Governo sente-se à solta, porque não há oposição”. Sobre uma possível derrota nas legislativas faz questão de dizer que provocará, inevitavelmente, eleições internas.

“Será inevitável que o PSD procure um novo caminho, novos protagonistas e se possa assumir como alternativa ao Partido Socialista”, disse o antigo secretário-geral do PSD e ministro do Governo de Passos Coelho, à margem de uma conferência promovida pela Assembleia Municipal de Ourém.