França bate recorde de temperatura e ultrapassa pela primeira vez os 45 graus Celsius

O recorde de temperatura máxima atingida em França desde que há registos foi quebrado duas vezes no mesmo dia. Quatro regiões francesas foram postas em alerta vermelho pelos serviços meteorológicos devido ao calor – algo que nunca tinha acontecido no país.

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Nice, França Reuters/Eric Gaillard
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Ao quinto dia daquela que tem sido descrita como uma onda de calor “excepcional” em França, os termómetros ultrapassaram pela primeira vez a marca dos 45 graus Celsius: o recorde de temperatura foi batido nesta sexta-feira em Villevieille, no Sul de França. O recorde foi, aliás, quebrado duas vezes no mesmo dia e com pouco tempo de intervalo: primeiro foi na cidade de Carpentras, perto de Marselha, onde os termómetros chegaram aos 44,3ºC. Uma hora depois, às 15h (14h em Portugal), registava-se 45,1ºC.

“É a primeira vez que o limiar dos 45ºC é ultrapassado em França”, um momento “histórico”, escreveu o especialista meteorológico Etienne Kapikian, no Twitter. Antes deste dia, a última vez que se tinha atingido uma temperatura semelhante foi a 12 de Agosto de 2003, altura em que os termómetros subiram até aos 44,3 graus Celsius. O Verão de 2003 foi um dos mais quentes de França e causou a morte a mais de 15 mil pessoas só na primeira quinzena de Agosto.

O serviço meteorológico francês Météo-France pôs quatro regiões francesas em alerta meteorológico vermelhoo mais grave de quatro e que nunca tinha sido activado: em Hérault, Gard (a que pertence Villevieille), Vaucluse e Bouches-du-Rhône. Estas quatro regiões deverão passar para alerta laranja durante a madrugada deste sábado, segundo os dados disponíveis no site do Météo-France.

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Nice, França ERIC GAILLARD/REUTERS

“Pede-se que haja uma vigilância absoluta, estão previstos fenómenos perigosos de intensidade excepcional”, lê-se na descrição do alerta vermelho. Há ainda 76 “departamentos” em alerta laranja, que pede às pessoas que se mantenham “muito atentas”.

As temperaturas altas registadas nos últimos dias têm levado os serviços meteorológicos franceses e as autoridades locais a aconselharem uma série de medidas para contornar os efeitos do calor – como beber muita água, não fazer muitos esforços físicos e permanecer em locais frescos. “Estamos muito mais bem preparados agora do que em 2003”, afirmou a ministra da Saúde francesa, Agnès Buzyn, pedindo que todos fossem cautelosos: “Toda a gente está em risco neste período de canícula.”

Segundo o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, foram fechadas (ou adaptadas para situações de emergência) cerca de 4000 escolas e o Ministério da Educação adiou os exames nacionais de 800 mil alunos com idades entre os 14 e 15 anos.

Além de França, também a Alemanha, Suíça, Espanha estão a sofrer com as altas temperaturas: em Espanha, vários incêndios deflagraram na quarta-feira na região de Tarragona (Catalunha) – um acontecimento nunca visto nos últimos 20 anos, como descrevia o ministro Interior espanhol, Miquel Buch – e continuam descontrolados nesta sexta-feira, escreve o El País. A onda de calor provocou a morte a pelo menos duas pessoas (um adolescente e um idoso) em Espanha.

Na quarta-feira, a meteorologista Ilda Novo, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) explicava ao PÚBLICO que esta vaga de calor na Europa Central era causada pela chegada de uma massa de ar quente vinda do Sara, no Norte de África. Portugal tinha escapado às temperaturas altas devido à “influência marítima” do Atlântico, mas a deslocação para Oeste da depressão quente faz com que as temperaturas subam no fim-de-semana, sobretudo nas regiões do Interior.

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