Calor foi atrasado pela “influência marítima”, mas chega a Portugal no sábado
A massa de ar quente vinda do Norte de África desloca-se para Oeste, o que fará com que as temperaturas quentes cheguem ao Interior de Portugal no fim-de-semana, com 38ºC em Beja e 37ºC em Évora.
Portugal não foi afectado pela onda de calor que assola a Europa Central devido à “influência marítima” de uma depressão atmosférica vinda do Atlântico, que fez com que “o ar estivesse mais húmido e menos quente”, diz ao PÚBLICO a meteorologista Ilda Novo, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Mas o calor não tardará a chegar.
A massa de ar quente vinda do Sara (Norte de África) — que está a causar temperaturas extremas na Alemanha, na Suíça e em França, onde os termómetros rondam os 40 graus Celsius — está a deslocar-se para Oeste, fazendo com que Portugal ainda seja atingido por parte deste calor, sobretudo na região Interior.
O dia mais quente será sábado: Évora registará temperaturas máximas de 38 graus Celsius (39ºC em Reguengos de Monsaraz e Barrancos) e os termómetros em Beja chegarão a marcar 37 graus Celsius (assim como em Castelo Branco); também em Portalegre as temperaturas máximas rondarão os 35 graus Celsius. Em Bragança serão 34ºC. As temperaturas no litoral serão mais amenas: Lisboa terá uma máxima de 27ºC no sábado e o Porto registará 24ºC de máxima (tal como Viana do Castelo e Leiria).
Já na Madeira o tempo será de chuva durante o fim-de-semana e os termómetros não ultrapassarão os 24ºC no Funchal. Nos Açores as temperaturas também permanecerão amenas, com os termómetros a marcar 21 graus Celsius de máxima na Terceira e 22ºC em Ponta Delgada, São Miguel. A meteorologista Ilda Novo reconhece que as temperaturas que se têm sentido nos últimos dias em Portugal estão “abaixo do normal para esta altura”, mas que não é anormal existirem “estas variações” — mesmo no período de Verão.
Estas temperaturas altas não significam que Portugal seja atingido por uma “onda de calor”: esta expressão é utilizada quando, durante pelo menos seis dias seguidos, a temperatura máxima diária é superior em cinco graus Celsius ao valor médio diário no período de referência. O IPMA refere que as ondas de calor podem acontecer em qualquer altura do ano, mas são “mais notórias e sentidas” quando acontecem nos meses de Verão – em Portugal, Junho é o mês de Verão em que as ondas de calor ocorrem com maior frequência.
O calor extremo que se faz sentir na Europa Central, sobretudo em França, nas Baleares, na Alemanha e na Suíça é resultado da massa de ar “quente e persistente”, o que faz com que se registem temperaturas que são consideradas altas não só para os valores de referência destes países como também para esta época do ano, sendo “muito intenso para este início de Verão”, explica Ilda Novo.
Em França, o serviço de meteorologia Méteo France diz estar-se perante um “episódio de canícula de intensidade excepcional para o fim do mês de Junho” – o que levou o Ministério da Educação francês a adiar os exames nacionais de 800 mil alunos por causa do calor extremo. O calor afecta grande parte do país, à excepção da região da Bretanha, na zona oeste de França. O jornal Le Monde refere que “desde o meio da semana que estão a ser estabelecidos recordes para o mês de Junho”.