Não há indícios de acção criminosa no incêndio da Notre-Dame de Paris
Autoridades francesas admitem que fogo por ter tido origem numa situação de negligência.
Passados mais de dois meses de investigação, as autoridades judiciárias francesas estão convencidas de que nada faz pensar que o grande incêndio que no dia 15 de Abril destruiu a cobertura, a flecha e grande parte da catedral de Notre-Dame, em Paris, tenha tido origem criminosa. Mas pode ter havido negligência no controlo do sistema de vigilância do mais visitado monumento do país.
Estas são as conclusões da investigação prévia levada a cabo por uma brigada da polícia judiciária de Paris, divulgadas esta quarta-feira pelo jornal Le Monde, e que foram entregues à Procuradoria-Geral da capital francesa.
“Várias hipóteses prenderam a atenção dos investigadores, entre elas o possível mau funcionamento do sistema eléctrico, ou o atear do fogo por um cigarro mal apagado, mas sem que seja possível privilegiar uma ou outra causa”, diz o comunicado da procuradoria.
A partir de agora, três juízes de instrução vão desenvolver todo um novo processo contra desconhecidos, com o objectivo de elucidar as verdadeiras razões que estiveram na origem do incêndio, determinando também eventuais responsabilidades no sinistro. Serão investigações complexas, e que poderão mesmo prolongar-se por vários anos.
A hipótese de negligência parece ser, no entanto, a mais plausível para o início e a propagação do fogo. Mesmo que as investigações feitas até ao momento não sejam conclusivas, entre as dezenas de pessoas ouvidas pelas autoridades policiais de Paris – operários, responsáveis pela catedral e também os empregados da empresa Elytis, que desde 2014 é a responsável pelo sistema de segurança contra incêndios no templo – houve quem aludisse à permanente existência de pontas de cigarros no chão, além da escassez de seguranças à frente do sistema anti-incêndio.
Se algumas falhas, que podem explicar o atear e a propagação do incêndio, foram referenciadas, “as investigações realizadas até ao momento não foram ainda capazes de determinar as verdadeiras causas”, disse em comunicado o procurador parisiense Remy Heitz, confirmando, no entanto, a abertura de nova investigação tendente a determinar se houve ou não negligência no incêndio que devastou a Notre-Dame.