Bárbara Coutinho: “Não temos ainda data de reabertura do Mude na Rua Augusta”

A directora do museu diz que o concurso para recomeçar as obras na sede, paradas há mais de um ano, está para breve, mas admite que celebrar o décimo aniversário do museu municipal depois de três anos sem casa fixa é “uma situação bastante negativa”.

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ENRIC VIVES-RUBIO

O Museu do Design e da Moda (Mude), que esta sexta-feira abre fora de portas, na Cordoaria Nacional, uma exposição dedicada a Fernando Lemos, abriu há dez anos mas cumpre o seu aniversário fora de casa. As obras encetadas em 2016 para completar o projecto com novas valências, restaurante e uma vista única para Lisboa pararam em 2018, na sequência da reestruturação, após uma crise, da construtora Soares da Costa, deixando o museu num estado de duradoura itinerância. Com a sua sede da Rua Augusta encerrada há três anos, o Mude não está a aproveitar o boom turístico da capital e tem feito sobretudo um trabalho invisível com a sua colecção.

Qual é o ponto de situação quanto às obras da sede do Mude?
Não temos ainda ideia de data de reabertura do museu na Rua Augusta. Estamos na fase final do processo de revisão do projecto e teremos condições para a abertura de concurso para uma nova empreitada. Só nesse momento podemos prever com cautela a data de reabertura.

O projecto de arquitectura e requalificação mantém-se?
O projecto de arquitectura e o programa funcional do museu não sofreram alterações em relação ao projecto e programa museológico e de arquitectura aprovado em 2014 que deu origem ao concurso de empreitada. A revisão do projecto é obrigatória pela lei de contratação pública e configura uma necessidade absolutamente imperiosa para que tenhamos total segurança na nova empreitada – perceber o que a obra anterior demoliu, o que já construiu, o que ficou feito e o que ficou por fazer. É um trabalho de detalhe que importa fazer com a maior segurança; é um edifício muito grande, com variadíssimas especialidades implicadas.

Estes anos sem casa prejudicam o Mude, a marca que estava a construir e a colecção?
A relação com a colecção não prejudica, porque há um trabalho invisível que continua a ser feito. A colecção tem crescido, continua a ser estudada, investigada, trabalhada. A relação com os designers tem vindo a reforçar-se, estamos a receber espólios e muitas vezes esse contacto parte dos designers: reconhecem o Mude como a sua casa, como a casa do design. Mas é óbvio que três anos com a porta da sede encerrada dificulta… É mais difícil em termos de público e da concretização em pleno de toda a acção. Foi um grande contratempo este processo de insolvência da empresa e tudo o que arrastou. Foi uma situação bastante negativa. Quase que continuamos a cumprir este ADN com o qual nascemos de sermos um work in progress. Foi preciso repensar a estratégia, a programação, a logística. Mas estamos a aprender com este percalço. Tenho absoluta segurança na equipa e no projecto.

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