Adeus jogos à segunda-feira, olá jogos à hora de almoço
Novidades anunciadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional para a próxima edição do campeonato incluem a colocação de linhas de fora de jogo para auxiliar o trabalho do videoárbitro.
A ocasião era importante, mas um grupo de adeptos do Boavista não teve como marcar presença: no dia 6 de Maio, uma segunda-feira, às 20h15, os “axadrezados” visitaram o V. Setúbal em partida da antepenúltima jornada do campeonato que terminou há duas semanas. Acabariam por vencer (0-3), garantindo a manutenção na I Liga, mas cerca de meia centena de adeptos boavisteiros foi assistir ao encontro em frente à sede da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), em protesto contra o horário do jogo. A perspectiva de uma viagem a rondar os 350 quilómetros até ao Bonfim, em dia laboral, e outro tanto no regresso a casa, desencorajou-os de apoiar o seu clube.
Na próxima temporada, porém, os jogos na segunda-feira à noite vão deixar de ser a regra, para passar a ser a excepção. Será um horário reservado para as equipas que disputam as competições europeias e tenham compromissos a meio da semana, anunciou a directora-executiva da LPFP, Sónia Carneiro, numa conferência organizada pela Rádio Renascença: “Os jogos à segunda-feira só vão acontecer por necessidade. Não podemos exigir que uma equipa jogue na quinta-feira e depois novamente no sábado. Esse horário ficará em aberto para quem joga na semana anterior, a meio da semana.”
“Na próxima época, teremos jogos de sexta-feira a domingo. Se seria melhor jogar todos ao domingo às 15h00, como antigamente? Perderíamos o futebol indústria, moderno, não dá para ter marcas a investir, e depois ter futebol só no estádio”, prosseguiu Sónia Carneiro, revelando outra novidade para a próxima época: “As equipas vão poder jogar também à hora de almoço. Mantêm-se os horários do ano passado e cria-se aqui um novo [12h45], há várias janelas para que as equipas possam jogar. Claro que o horário nobre será o das 20h, mas acho que vai haver algumas surpresas durante a época”, acrescentou a dirigente.
Os horários matinais não são uma novidade no futebol português, com a II Liga a realizar pelo menos duas partidas por jornada às 11h15. No primeiro escalão houve várias experiências ao longo das últimas épocas: numa consulta à base de dados do portal zerozero.pt encontram-se três partidas da época 2017-18 que tiveram pontapé de saída às 11h45. Na temporada anterior tinham sido dez, também todas nesse horário, com destaque para o Sporting-Belenenses da 32.ª jornada, o único a envolver um dos ditos “grandes” do futebol português.
“Os jogadores trabalham a essa hora, comem a essa hora. São preparados para o treino com uma alimentação adequada. Não é por aí que pode ter alguma influência negativa. Muda alguma coisa, mas não nessa componente. Muda o estágio, as palestras, os horários, mas fisiologicamente não muda nada”, resumia, antes da partida, o então treinador dos “leões”, Jorge Jesus. Mas o horário matinal seria mais inspirador para o Belenenses do que para o Sporting: o emblema do Restelo impôs-se por 1-3, quebrando um jejum de triunfos no reduto “leonino” que durava há mais de 62 anos.
VAR com linhas
Na mesma conferência, a directora-executiva da LPFP fez um balanço positivo da introdução do videoárbitro no campeonato português. “Tudo o que possa ajudar a trazer mais verdade desportiva é importante. O VAR está ao serviço dos árbitros para melhorar a arbitragem, mas nada é perfeito. Ainda estamos a começar. A videoarbitragem tem apenas dois anos em Portugal, e tenho a certeza que o próximo ano será ainda melhor”, afirmou Sónia Carneiro. Em comunicado conjunto, a LPFP e a Federação Portuguesa de Futebol anunciariam a introdução, em 2019-2020, de linhas de fora de jogo como instrumento auxiliar do trabalho das equipas de arbitragem, à semelhança do que já acontece nas transmissões televisivas. “Inicia-se agora a fase de reajustes técnicos das condições estruturais e logísticas que garantam que o sistema ficará operacional no arranque da próxima época”, podia ler-se.
“Era uma necessidade e não creio que vá servir para alimentar mais os problemas do futebol português”, disse o presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, Luciano Gonçalves.