Moçambique precisa de 2,6 mil milhões de euros para reconstruir o que o Idai destruiu
Conferência internacional de doadores começou esta sexta-feira na Beira com apresentação do relatório do Governo sobre os danos causados pelo ciclone: 1257 milhões em danos e 1248 milhões de euros em perdas.
Moçambique precisa de 2,6 mil milhões de euros de ajuda para recuperar dos danos causados pelo ciclone Idai que, em Março, afectou o centro do país, especialmente a província de Sofala, mas também Manica, Zambézia e Tete.
Esta é a conclusão do estudo do Governo moçambicano apresentado nesta sexta-feira na Beira, no primeiro dia da conferência de doadores que se prolonga até este sábado e reúne mais de 700 convidados provenientes de organizações internacionais, parceiros de cooperação, sector privado, bem como de organizações da sociedade civil.
O ciclone que oficialmente matou 603 pessoas, afectou 1,5 milhões de pessoas, quase 1,2 milhões só na província de Sofala, onde mais de metade da população (52,7%) sofreu com os efeitos do ciclone e das chuvas torrenciais que se lhe seguiram.
De acordo com o relatório do Gabinete de Reconstrução pós-Ciclones Idai e Kenneth, a que o PÚBLICO teve acesso, 240 mil habitações foram total ou parcialmente destruídas, bem como 1372 escolas e 92 centros de saúde. Além disso, 29% das estradas nacionais do país foram afectadas, enquanto 20 pontes sofreram danos ou caíram.
Segundo o relatório, no total, o Idai causou danos totais superiores a 1257 milhões de euros e 1248 milhões de euros em perdas económicas e, para fazer frente a isso, as autoridades moçambicanas calculam que sejam necessários 2,6 mil milhões de euros para recuperar tudo aquilo que o ciclone destruiu.
Embora se concentre nos danos e nas necessidades provocadas pelo Idai, no prefácio, Francisco Pereira, director executivo do gabinete de reconstrução, refere que “necessidades adicionais em Inhambane, também afectada pelo Idai, e em Cabo Delgado e Nampula, que foram afectadas pelo ciclone Kenneth, fazem subir as necessidades totais de recuperação para 3,2 mil milhões de dólares [2,9 mil milhões de euros]”.
Daviz Simango, presidente do município da Beira, defendeu na quinta-feira, em conferência de imprensa, a criação pelos bancos de créditos bonificados para ajudar no processo de recuperação. “Eu penso e defendo que é necessário haver facilidade de crédito para os carenciados”, disse Simango, citado pela Lusa, acrescentando que “tanto as pequenas como as médias empresas precisam de taxas de juro baixas par ao desenvolvimento da cidade da Beira”.
O presidente do município da Beira mostrou-se optimista em relação aos resultados da conferência de doadores, salientando que estão “preparados, tecnicamente, e com relatórios em mão para apresentar as nossas necessidades urgentes”.