Costa admite estreitar relações com PAN e diz ser “pouco provável” acordo de Governo com BE e PCP

António Costa diz ser “pouco provável” aprofundar acordo com BE e PCP: “As pessoas costumam dizer que não vale a pena estragar uma boa amizade com um namoro malsucedido. Aqui, também é um caso assim.”

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Miguel Manso

O primeiro-ministro afirmou esta segunda-feira que tem mantido um quadro de diálogo produtivo com o PAN (Pessoas-Animais-Natureza), que já viabilizou todos os orçamentos, e admitiu que as relações possam estreitar-se na próxima legislatura, caso volte a formar Governo.

Esta posição foi transmitida por António Costa numa entrevista à SIC, conduzida pela jornalista Anabela Neves, depois de questionado se encara a possibilidade de integrar num futuro acordo parlamentar de Governo o PAN, partido que elegeu um eurodeputado nas eleições europeias de domingo.

“Nada obsta em sentido contrário. Nestes três anos e meio, temos tido uma excelente relação com o PAN. Reparem que o PAN nunca votou contra as propostas do Governo de Orçamento do Estado nesta legislatura — e em alguns casos creio que até votou a favor”, respondeu o líder do executivo.

Ainda sobre este cenário de integrar o PAN como eventual parceiro de uma maioria parlamentar de suporte ao Governo, António Costa referiu que, apesar de não haver qualquer posição conjunta assinada com o partido do deputado André Silva, “tem havido sempre negociações” com esta força política ao longo da legislatura.

“Tem havido uma relação de grande proximidade com o PAN e de boa colaboração — relação que pode continuar e estreitar-se”, frisou.

Questionado se os resultados do PCP nas eleições europeias indiciam uma erosão eleitoral deste partido por participar na actual solução de Governo, o primeiro-ministro discordou.

António Costa manteve a tese de que a actual solução governativa tem como qualidade central o facto de os quatro partidos que a integram [PS, BE, PCP e PEV] “terem uma relação mais de complementaridade entre si e menos de competição entre si”.

“Basta verificar que a subida de um partido não é feita à custa dos outros partidos”, sustentou, antes de argumentar que, em eleições europeias, o número de deputados eleitos pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP “tem variado muito de eleição para eleição”.

“Na noite eleitoral de domingo, também houve uma apreciação um pouco errada em resultado de, até ao último minuto, se ter discutido se o PS ia ganhar o décimo eurodeputado ou o PCP ia ter o segundo”, alegou.

BE e PCP em Governo PS é “pouco provável"

Nesta entrevista, António Costa voltou a considerar pouco provável um cenário em que elementos do Bloco de Esquerda ou do PCP entrem num futuro Governo. “Aquilo em que conseguimos convergir tem sido suficiente para uma muito boa amizade, mas é insuficiente para termos um bom casamento. As pessoas costumam dizer que não vale a pena estragar uma boa amizade com um namoro malsucedido. Aqui, também é um caso assim”, completou.

No plano europeu, António Costa traçou como sua principal prioridade a eleição do socialista holandês Frans Timmermans para a presidência da Comissão Europeia, considerando, em contrapartida, que o alemão do PPE (Partido Popular Europeu) Manfred Weber não tem condições para reunir esse consenso.

“Manifestamente, acho que o candidato do PPE, Manfred Weber, não tem condições, até porque tem uma rejeição quase absoluta no Conselho [Europeu] — e no Parlamento Europeu também é de todos os candidatos o que gera maior hostilidade. Frans Timmermans tem várias qualidades que o ajudam a que possa ser um bom candidato de consenso”, contrapôs.

Segundo António Costa, Timmermans, “sendo um socialista, tem uma boa relação com todas as outras famílias políticas”. “Tem desempenhado um papel fundamental na defesa dos valores europeus, relativamente aos avanços da extrema-direita”, acrescentou.