Sindicato pede intervenção da Ordem para urgências sem elementos mínimos

Sindicato Independente dos Médicos alertou que as escalas de urgência abaixo dos mínimos põem em causa a segurança dos utentes e dos profissionais, tendo os médicos denunciado esta situação por respeito aos seus doentes.

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Paulo Pimenta

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou esta sexta-feira que vai suscitar junto da Ordem dos Médicos eventuais procedimentos disciplinares para os médicos que façam as escalas do serviço de urgência e não tenham os elementos mínimos.

O anúncio foi feito à agência Lusa pelo secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, no dia em que termina a greve de cinco dias dos médicos anestesistas do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) para exigir a contratação de mais especialistas e reclamar condições de segurança clínica.

Para o dirigente sindical, a greve, que terminou às 20h00 desta sexta-feira, foi uma “inequívoca manifestação de coesão e de justeza das reivindicações” ao registar todos os dias uma adesão de 100%. Com esta acção, os médicos pretendem que “os mínimos das equipas de urgência sejam respeitados, quatro [especialistas] de dia e três à noite”, sublinhou.

Os sindicatos têm alertado que as escalas de urgência abaixo dos mínimos põem em causa a segurança dos utentes e dos profissionais, tendo os médicos denunciado esta situação por respeito aos seus doentes. Perante esta situação, Roque da Cunha defendeu que tem de “haver responsabilidade por parte do conselho de administração que é indicado pelo Governo”, eleito para resolver os problemas dos portugueses, “para fechar a urgência”.

“Não é possível exigir aos médicos que possam estar em dois sítios ao mesmo tempo, não é possível exigir a uma população carente de cuidados, uma vez que há cerca de 100 mil utentes sem médico de família, que possam correr esse risco”, vincou. Nesse sentido, anunciou, “o SIM irá suscitar junto da Ordem dos Médicos eventuais procedimentos disciplinares a todos os médicos que façam as escalas e que não tenham os mínimos”.

Roque da Cunha quis deixar uma palavra aos 320 cidadãos que viram as duas cirurgias adiadas e aos cerca de 180 que não puderam fazer exames de cardiologia, pneumológicos, cateterismos ou TAC. Pedimos-lhes “compreensão e solidariedade” e que percebam que, com esta acção, estão a criar-se “as condições para que haja médicos para trabalhar no SNS, no Hospital Amadora-Sintra, e uma maior segurança por parte da prestação de cuidados”.

“Não queremos mais salários, queremos sim melhores condições de trabalho”, defendeu. Roque da Cunha reafirmou ainda “a total disponibilidade” para dialogar e apelou para a realização de uma reunião com o conselho de administração para “perceber o que fizeram e contribuir para que o problema seja ultrapassado”, porque até agora foi o “total silêncio.

Médica anestesista no Amadora-Sintra, Cristina Carmona, explicou que as dificuldades destes especialistas se centram na prestação de cuidados de saúde no âmbito da anestesia em serviço de urgência. “Devíamos ter 24 profissionais a desempenhar o serviço de urgência e temos apenas 12”, um número “claramente aquém da capacidade de desempenhar uma urgência 24 horas por dia e 365 dias por ano”, disse a médica.

Cristina Carmona elucidou que, quando há dois médicos a fazer o trabalho de quatro “alguma coisa pode não correr da melhor forma quer em termos de segurança, quer em termos de prestação de cuidados atempados”. “Este foi o principal foco desta greve e tem sido a nossa principal preocupação”, afirmou, além das situações de desgaste e burnout destes profissionais.