Mexia vai em Junho ao Parlamento explicar caso Fridão
Deputados da comissão de Ambiente querem saber se EDP mantém interesse na construção da barragem.
Os 218 milhões de euros que a EDP pagou em 2008 pela exploração de uma barragem que neste momento ninguém quer ver construída vão ser o pano de fundo da próxima ida do presidente da empresa à Assembleia da República.
O presidente da comissão parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, Pedro Soares, confirmou ao PÚBLICO que António Mexia irá ser ouvido no dia 5 de Junho sobre o tema da barragem de Fridão.
Tendo em conta que “há apenas” as declarações do ministro do Ambiente e da Transição Energética a dizer que Fridão não avança, mas “nada mais do que isso”, os deputados querem esclarecer “se a EDP mantém ou não interesse na construção da barragem” e “que tipo de negociações existem entre a EDP e o Governo”, explicou o deputado do Bloco de Esquerda.
Depois de ouvirem Mexia, os deputados querem voltar a ouvir o ministro João Pedro Matos Fernandes, acrescentou Pedro Soares.
No Parlamento, o governante assumiu que a EDP já manifestou o seu desinteresse pelo projecto em cartas trocadas com o Governo e que, como tal, nem a barragem vai sair do papel, nem o Estado tem que indemnizar a empresa.
Porém, a eléctrica garante que em momento algum admitiu a possibilidade de não avançar com a construção sem que lhe fosse devolvido o dinheiro que pagou ao Governo de José Sócrates e diz-se pronta para defender os seus interesses.
Matos Fernandes afirmou, entretanto, que “a interpretação” que faz das cartas que lhe foram enviadas pela EDP está “de acordo com os interesses dos contribuintes portugueses”. E também disse, citado pela Lusa, que a EDP as interpreta de acordo com “os interesses dos próprios accionistas”.
Acusando o Governo de estar a criar “um impasse” no caso de Fridão, a eléctrica diz que ainda aguarda que o Estado português esclareça qual é a sua decisão sobre o empreendimento de Fridão. Caso contrário, estará em condições de exigir que se faça a assinatura do contrato de concessão para poder construir a barragem.
Isto, mesmo tendo anunciado recentemente que pretende vender barragens para financiar novos investimentos em renováveis. No caso de Fridão, está em causa um investimento que foi orçado em 500 milhões de euros e que demorará seis anos a construir.