Banksy também foi à Bienal de Veneza

Um mural sobre os migrantes do Mediterrâneo e uma intervenção que reflecte os efeitos do turismo de massas, comprovam que Banksy, apesar de não ter sido convidado, também foi à maior mostra de arte contemporânea do mundo, a Bienal de Veneza.

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A intervenção na Praça de São Marcos Reuters/SOCIAL MEDIA

O mundo da arte contemporânea tem estado por estes dias na Bienal de Arte de Veneza e, o tão célebre quanto incógnito, artista urbano Banksy também quis estar presente. A suspeita surgiu a semana passada, quando no canal Ca’ Foscari, na parede de uma casa envelhecida, surgiu um mural no qual se vislumbrava um menino segurando na mão um sinalizador rosa – um tipo de tocha improvisada que é normalmente usado pelos migrantes para pedir socorro no mar mediterrâneo.

Um dos objectivos da Bienal em 2019 é precisamente reflectir sobre as “urgências do quotidiano” e a mostra exibe inclusive um barco que naufragou com mais de 700 migrantes em 2015, naquela que constituiu uma das maiores tragédias do Mediterrâneo. Não se pode dizer que Banksy se tenha afastado do tópico. O mesmo acontecendo quando o tema abordado se prende com as questões do turismo de massas. É que esta quinta-feira confirmou-se que Banksy esteve em Veneza.

Na sua conta do Instagram escreveu, ironicamente, que “apesar de ser o maior e mais prestigiante acontecimento de arte do mundo, por alguma razão nunca fui convidado”. Em simultâneo foi publicado um pequeno vídeo onde se vê um homem de cara encoberta a vender pinturas a óleo na famosa praça de São Marcos. Dispostas em conjunto, as diferentes pinturas revelam um barco de cruzeiro, que tanta polémica têm gerado em Veneza, pelo facto de representarem maior número de turistas para uma das cidades do mundo que mais sofre com os efeitos da turistificação.

No vídeo pode ver-se a reacção de alguns transeuntes, até que a polícia aparece, e o vendedor (ou o próprio Banksy, quem sabe) é convidado a retirar do espaço público as suas pinturas, por falta de autorização. A 58ª Bienal de Arte de Veneza abriu as portas no dia 11 de Maio e durará até Novembro. O britânico Banksy, como é evidente, não aparece na lista dos 79 artistas convidados pela organização. Recorde-se que a representação portuguesa está a cargo da artista plástica Leonor Antunes.

A partir de 14 de Junho, a Cardoaria Nacional, em Lisboa, recebe a exposição Banksy: Génio ou Vândalo com mais de 70 obras. A exposição itinerante, que já passou pela Rússia e Espanha, não tem o aval do artista, que se manifestou contra ela.

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