May leva acordo do “Brexit” a votação pela quarta vez em Junho

Primeira-ministra quer o assunto resolvido antes do Verão e, perante novo chumbo, avança para a saída sem acordo ou para a revogação do artigo 50, diz Downing Street.

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Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido Reuters/HANNAH MCKAY

A primeira-ministra britânica, Theresa May, vai tentar novamente em Junho que o Parlamento aprove o acordo que negociou com Bruxelas para a saída do Reino Unido da União Europeia. Os termos do divórcio já foram chumbados três vezes pelos deputados.

May está em negociações com o Partido Trabalhista (oposição), tentando garantir os votos favoráveis da formação de Jeremy Corbyn. Porém, os trabalhistas já advertiram que votarão contra se não houver acordo até lá – a primeira-ministra conservadora quer que o processo comece a 3 de Junho.

Segundo o gabinete de May, citado pela BBC, se o acordo voltar a se chumbado a primeira-ministra está disposta a avançar para um “Brexit” sem acordo ou a revogar o artigo 50.º do Tratado da UE, que abriu o processo de saída (determinado pelo referendo de 2016).

Estas duas opções estão sobre a mesa em Downing Street porque, explica a BBC, a União Europeia não está disponível para adiar novamente a data do “Brexit” – que estava previsto para 29 de Março – e tem agora a data de 31 de Outubro.

May decidiu levar o acordo a votação no início de Junho para ter uma definição sobre o “Brexit” antes do início das férias de Verão do Parlamento, que começam no final de Julho.

As negociações com o Labour estão num impasse e já produziram notícias erráticas – que May estava disposta a realizar um segundo referendo, que aceitava uma união aduaneira com o bloco europeu depois da saída, como pedem os trabalhistas, ou que aceitava uma união aduaneira limitada, o que o Labour rejeita.

Na terça-feira à noite, May e Corbyn reuniram mais uma vez e mantiveram uma conversa “construtiva”. Corbyn pediu à primeira-ministra que apresente propostas mais concretas e foi marcado novo encontro para esta quarta-feira. ​  

Na segunda-feira, membros da cúpula do Partido Conservador escreveram uma carta a May pedindo-lhe para pôr fim às negociações, por serem um beco sem saída. E alguns defenderam, mais uma vez, o afastamento da primeira-ministra, que prometeu fazê-lo se os deputados aprovarem o seu acordo (depois de ter assumido este compromisso, o Parlamento chumbou o documento pela terceira vez). 

Muitos questionam já a pertinência de levar o acordo de saída a votação uma quarta vez. “O que é que mudou no acordo?”​, perguntou Nigel Dodds, do partido unionista da Irlanda do Norte DUP. A cláusula que mantém a fronteira aberta na ilha da Irlanda no pós-"Brexit” é o ponto central a bloquear a aprovação de um acordo de saída. 

Este debate – e a incapacidade de os partidos encontrarem uma solução para aplicar o resultado do referendo – vai ter reflexos nas eleições para o Parlamento Europeu, no dia 23 de Maio (os resultados são conhecidos a 26 em toda a UE); umas eleições que já não se deviam realizar se o calendário do “Brexit” tivesse sido cumprido.

As sondagens põem o Partido Conservador em quinto lugar, com a nova formação do eurocéptico Nigel Farage, cujo programa está resumido no nome, Partido do “Brexit”​, à frente com 34% (mais do que conservadores e trabalhistas juntos).

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