Que papel têm os artistas no equilíbrio do planeta? A Ci.CLO Bienal Fotografia do Porto procura respostas
“Adaptação e Transição” é o mote da primeira edição da bienal de fotografia, que arranca esta quinta-feira, 16 de Maio, e se estende até 2 de Julho. O Porto acolhe 53 artistas e 11 curadores para reflectir sobre o papel da prática artística nas mudanças ambientais e culturais.
A sustentabilidade é o foco da Ci.CLO Bienal Fotografia, que se estreia no Porto com “abordagens inovadoras”. O programa conta com obras de 53 artistas nacionais e internacionais, apresentadas em 15 espaços da cidade como os Jardins do Palácio de Cristal, a Reitoria da Universidade do Porto (UP), o Centro Português de Fotografia, o Palacete Viscondes de Balsemão, a Casa do Infante ou as estações de metro de São Bento e dos Aliados. Em conjunto com os artistas, 11 curadores vão desenvolver, de 16 de Maio a 2 de Julho, projectos maioritariamente inéditos.
“Para além da celebração da prática artística e da experimentação, interessa-nos muito uma questão ética: as vulnerabilidades ecológicas e sociais”, explica Virgílio Ferreira, director artístico da Ci.CLO Bienal Fotografia do Porto, ao telefone com o P3. E perceber como é que “a prática artística pode contribuir para nutrir e expandir a nossa forma de olhar para o mundo” — este é também um dos objectivos do evento. “O tema da edição inaugural, Adaptação e Transição, quer mostrar como o ser humano, enquanto força de construção e destruição, tem uma grande influência na estrutura de equilíbrio do planeta. É urgente “encontrar formas sustentáveis de lidar com o momento presente que está a gritar por uma outra estratégia”.
Krysztof Candrowicz, director artístico da Trienal de Fotografia de Hamburgo — um dos maiores eventos de fotografia da Europa — é o curador da exposição Stories on Earthly Survival, para a qual está agendada uma visita guiada este sábado, 18 de Maio, pelas 18 horas, no CPF. A mostra reúne o trabalho de nove artistas sobre narrativas políticas e ambientais a nível mundial.
Ainda no mesmo dia, mas às 16 horas, na Reitoria da UP, está marcada uma visita guiada a outra exposição, Future Scenarios, com a presença dos artistas Lena Dobrowolska e Teo Ormond-Skeapin, que abordam a vulnerabilidade e a responsabilidade dos seres humanos pelas alterações climáticas.
Mandy Baker é outra das artistas convidadas. A fotógrafa tem realizado trabalhos de carácter ambiental e foi destacada na edição de Junho de 2018 da revista National Geographic. “Já não há áreas livres de plástico”, disse, numa entrevista à Greenpeace, onde surge numa praia deserta, a calcar areia tapada por garrafas. Soup, Sand, Beyond Drifting: Imperfectly Known Animals aborda a questão do plástico nos oceanos.
Para além de exposições, também oficinas fazem parte do programa da Ci.CLO Bienal’19. Na sexta-feira, 17 de Maio, a oficina The future I want, de Alberto Giuliani, que decorre das 10 às 18 horas no Auditório da Casa do Infante, vai servir para criar uma campanha de sensibilização, em formato vídeo, para responder a uma questão: “E se o mundo acabasse amanhã?”.
Uma das últimas actividades é a residência artística, de 23 a 28 de Junho, em Paredes de Coura. Os fotógrafos participantes vão ser desafiados a cartografar — não só através da fotografia, mas também de outras linguagens — a Paisagem Protegida do Corno de Bico, em Paredes de Coura. Ainda prevista está a edição de um “guia verde”, em parceria com a Fundação Ásia-Europa. Creative Responses to Sustainability – Portugal Green Guide 2019 cria um mapa das iniciativas culturais portuguesas relacionadas com questões sociais e ambientais.