Apresenta-nos a tua publicação.
O livro Fábrica de Cerâmica Valadares é um exercício de comemoração da identidade e da memória inerentes à cerâmica portuguesa, com especial valorização do trabalho realizado pela Fábrica Cerâmica de Valadares ao longo de mais de nove décadas.
Foi escrito com o fim de perpetuar a voz de quem ajudou a construir o império Valadares e é dedicado a todos os que compreendem o valor e significado que esta empresa representou a nível nacional. Pretende proporcionar-se uma desenvolvida e pormenorizada história dos diferentes períodos que marcaram os seus anos de laboração, não descurando a abordagem ao processo de fabrico e de embalamento.
Quem são os autores?
Eu, Marta Meleiro, sou designer gráfica de formação e art director de profissão, mas este projecto não se construiu de forma individual, foi enriquecido com uma selecção de testemunhos e relatos sobre o quotidiano do operário fabril recorrendo variadíssimas vezes à sabedoria e experiência de antigos operários da Valadares — em especial às palavras dos meus avós maternos, Cidália Costa e Manuel Bento, que gentilmente me disponibilizaram o seu tempo e comigo abraçaram esta vontade de revisitar memórias. Com eles ganhei o “poder” de viajar no tempo em intermináveis (mas sempre enriquecedoras) conversas.
Do que quiseste falar?
À semelhança de outras empresas no panorama nacional, a Fábrica Cerâmica de Valadares apresenta como característica peculiar a relação com o local onde foi fundada em Abril de 1921. Ao longo de quase cem anos de existência, os seus produtos têm transportado por Portugal e pelo estrangeiro o nome da freguesia de Valadares. Estabelece-se, deste modo, uma relação identitária entre os produtos da fábrica Valadares e os habitantes da localidade, muitos deles trabalhadores operários na mesma.
A principal intenção deste projecto foi realizar um levantamento sobre a história da fundação e evolução da Fábrica Cerâmica de Valadares, que à data conta com 96 anos de actividade, assim como uma análise à sua importância no panorama industrial do século XX e XXI. Um trabalho de carácter profundamente investigativo, de organização e análise de arquivo, onde as pesquisas incidiram principalmente na consulta dos arquivos e bibliotecas municipais, enriquecido com uma selecção de testemunhos.
Questões técnicas: quais os materiais usados, quantas páginas tem, qual a tiragem e que cores foram utilizadas?
É um livro constituído por 323 páginas, um booklet e dois encartes, acondicionados dentro de um totebag de algodão com a primeira e última identidade gráfica da Valadares. Para além destes pormenores, devo destacar a seguinte característica: o uso da caligrafia dos meus avós ao longo da publicação. Resultado da vontade pessoal de fazer com que, à semelhança da marca que deixaram no percurso da fábrica de Valadares, deixassem também aqui o seu contributo, eternizado ao longo do livro. Ao longo do livro vão aparecendo encartes, colagens e diversos tipos de papéis, feitos de forma artesanal e colocados manualmente. Por fim, também a encadernação foi feita artesanalmente.
Onde está à venda e qual o preço?
À luz da pequena edição deste projecto, com a impressão de apenas dois exemplares, este livro ainda não está à venda em nenhum local. Uso os meios digitais para dar a conhecer esta investigação a todos os que estejam interessados.
Porquê fazer e lançar fanzines e publicações independentes hoje em dia?
Segundo Hermann Hesse, um livro “é uma fonte de satisfação, de alegria e de conhecimento, enriquecendo a vida e aumentando o valor da existência de cada pessoa”, permitindo ao indivíduo o registo de factos importantes da sua história e transmissão dos mesmos às gerações posteriores, actuando como veículo do conhecimento.
No seguimento desta vontade de realizar um levantamento sobre o arquivo e herança cultural da Valadares, surge a necessidade de encontrar um veículo ideal para a função de albergar, transportar e preservar toda a história resultante da compilação e tratamento dos fragmentos recolhidos. Era de igual modo importante que a esse suporte fossem inerentes valores como: a unificação, a acessibilidade (no sentido de permitir uma fácil consulta), a durabilidade e intemporalidade.
Recomenda-nos uma edição de autor recente lançada em Portugal.
Por gosto pessoal, devo mencionar as publicações e trabalhos da ilustradora Mariana, a Miserável.