Papa pede que católicos e ortodoxos caminhem juntos no serviço aos pobres

O Papa convidou ainda à superação das divisões “dolorosas” entre católicos e ortodoxos, desejando que todas as Igrejas cristãs possam encontrar a “alegria do perdão”.

Foto
Nuno Ferreira Santos

O Papa Francisco pediu este domingo aos ortodoxos e aos católicos que caminhem juntos para servir os mais pobres durante o seu discurso no Santo Sínodo, a instituição que governa a Igreja Ortodoxa búlgara.

No seu primeiro dia de visita à Bulgária, Francisco encontrou-se com o Patriarca da Igreja búlgara, Neofito, num novo gesto de aproximação e diálogo para alcançar a unidade entre os cristãos.

O Papa convidou ainda à superação das divisões “dolorosas” entre católicos e ortodoxos, desejando que todas as Igrejas cristãs possam encontrar a “alegria do perdão”.

Perante o Patriarca Neófito, metropolita de Sófia e líder dos ortodoxos búlgaros, o Papa sublinhou que as “feridas” que se abriram nas relações entre cristãos, ao longo da história, permanecem abertas, em muitas comunidades.

No seu discurso manifestou o desejo de que um dia católicos e ortodoxos possam celebrar o mistério pascal no mesmo altar, algo que parece ainda muito distante, já que a Igreja búlgara deixou claro que não participaria de actos religiosos, orações ou liturgias conjuntas com o papa.

Os ortodoxos búlgaros não cooperam em qualquer diálogo ecuménico, não fazem parte do diálogo teológico internacional, não são membros do Conselho Mundial de Igreja nem participaram no Concílio “pan-ortodoxo” que e realizou em Creta em 2016 reunindo 290 delegados de 10 Igrejas ortodoxas pela primeira vez em mais de mil anos de história.

Francisco focou-se nas questões que devem unir as duas confissões e lembrou que havia muitos cristãos neste país “que sofreram em nome de Jesus, particularmente durante a perseguição do século passado”.

O Papa mencionou “o ecumenismo dos pobres”, exortando os católicos e ortodoxos “a caminhar e a agir em conjunto” especialmente no serviço aos mais pobres e esquecidos.

O Papa argentino lembrou que este encontro é uma continuação do que mantinha João Paulo II com o Patriarca Máximo, durante a primeira visita de um pontífice à Bulgária em 2002.

Na sua intervenção Francisco recordou ainda os santos Cirilo e Metódio (séc. IX), que evangelizaram a Bulgária, padroeiros da Europa.

O Papa Francisco iniciou hoje uma viagem à Bulgária e à Macedónia do Norte, estando prevista a visita a um campo de refugiados em Sófia e uma oração no memorial dedicado a santa Teresa de Calcutá, em Skopje.

A visita, a convite das autoridades dos dois países, decorre entre hoje e terça-feira.

Na terça-feira, Francisco desloca-se à capital da Macedónia do Norte, Skopje, onde será acolhido pelas autoridades políticas no palácio presidencial dois dias depois de o país ter realizado a segunda volta das eleições para a Presidência após um empate técnico entre os dois primeiros candidatos no escrutínio de 21 de abril.

Em seguida, o Papa visitará o memorial dedicado a santa Teresa de Calcutá, que nasceu em Skopje em 1910, estando também prevista a celebração de uma missa na Praça Macedónia, seguindo-se um encontro ecuménico e inter-religioso com jovens.