Motoristas dos combustíveis iniciam hoje as negociações que ameaçaram parar o país
A greve de três dias levou portugueses a acorrerem aos postos de abastecimento. O sindicato começa esta segunda-feira a negociar um acordo com os patrões. As negociações serão acompanhadas pelo Governo e decorrem até ao final do ano.
O Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) começa esta segunda-feira a negociar melhores salários e condições de trabalho com a ANTRAM, conforme foi acordado na sequência da greve que afectou a distribuição de combustíveis em todo o país.
O SNMMP vai pedir salários de 1200 euros para os profissionais do sector, um subsídio de 240 euros e a redução da idade de reforma. Estas reivindicações são a base da proposta de Acordo Colectivo para os motoristas de matérias perigosas, que o sindicato vai apresentar à associação empresarial do sector, a ANTRAM.
“Se somarmos todos os complementos que são atribuídos aos motoristas e o salário base de 630 euros dá um valor próximo de dois salários mínimos e é isso que reivindicamos para salário base, que ficaria indexado ao salário mínimo nacional, acompanhando os respectivos aumentos”, disse o presidente do sindicato, Francisco São Bento, à agência Lusa.
Mas os suplementos de transporte nacional e internacional são para manter, segundo o sindicato, pois são uma espécie de ajuda de custo atribuída ao trabalhador deslocado em serviço.
O SNMMP vai propor a criação de um subsídio de operação de matérias perigosas, no valor de 240 euros, para compensar os trabalhadores pelo contacto constante com matérias químicas nocivas à saúde. O reconhecimento da actividade como sendo de “desgaste rápido, para efeitos de reforma” é outra das reivindicações a levar à negociação.
Segundo o presidente do sindicato, a ideia é conseguir que cada quatro anos de trabalho com produtos químicos, seja convertido num ano de abatimento na idade de reforma. O SNMMP quer um Acordo Colectivo específico para os motoristas que representa porque diz não se rever no acordo que existe e que foi revisto no ano passado.
“No fundo o que nós queremos é um Acordo colectivo que valorize e respeite esta categoria profissional. Não somos melhores nem piores, mas existem diferenças, nomeadamente ao nível das exigências que nos são feitas”, disse Francisco São Bento à Lusa na semana passada.
O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.
A arbitragem do executivo levou a que os representantes sindicais e empresariais chegassem a acordo, no dia 18, ficando o início do processo negocial formal agendado para dia 29 e a paralisação foi desconvocada de imediato. No protocolo assinado a 18 de Abril, a Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) e o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) comprometem-se a negociar colectivamente um acordo até dia 31 de Dezembro. Todo o processo será acompanhado pelo Governo e deverá “promover e dignificar a actividade de motorista de materiais perigosos”.
Durante os três dias de paralisação o sindicato conseguiu mais 200 sócios, que são agora mais de 700, num universo de cerca de mil motoristas.