Beira, “a cidade que está no sítio errado”

Haverá um Moçambique antes e depois do ciclone Idai? E existirá vontade política para corrigir os problemas urbanísticos de uma Beira que nasceu torta por causa de um porto e de um caminho-de-ferro? O “problema é complexo”, diz o escritor João Paulo Borges Coelho.

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Segundo um estudo do INGC moçambicano, parte da Beira ficará alagada até 2030 daniel rocha

O ciclone Idaí pode ter sido um fenómeno extraordinário, irrepetível em centenas de anos, mas deixou a nu os problemas de uma cidade moçambicana que nunca devia ter sido ali construída. A Beira existe há mais de 130 anos nessa língua de terra entre o Índico e o rio Chiveve, contra todos os conselhos urbanísticos de quem a foi planeando. A sua localização geográfica deve-se a razões políticas e económicas; à Conferência de Berlim e à necessidade de garantir a presença portuguesa no território; ao porto estratégico para ligar os territórios centro-africanos, o hinterland, ao mar; ao caminho-de-ferro e aos interesses da British South Africa Company de Cecil Rhodes, fundador da Rodésia.

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