Presidente da Renault assume lugar na Nissan após saída de Ghosn

Jean-Dominique Senard foi nomeado pelos accionistas da Nissan para o conselho de administração da fabricante nipónica, depois de ter sido formalizada a saída de Carlos Ghosn.

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Jean-Dominique Senard, presidente da Renault Reuters/Kim Kyung Hoon

Os accionistas da Nissan nomearam nesta segunda-feira o presidente da Renault, Jean-Dominique Senard, para o conselho de administração da fabricante nipónica e formalizaram a saída do ex-presidente Carlos Ghosn, detido por má conduta financeira.

Durante a assembleia-geral extraordinária, que decorreu em Tóquio, com mais de quatro mil accionistas presentes, foi ainda aprovada a demissão de Greg Kelly, membro do conselho de administração e assessor de Carlos Ghosn, e considerado figura central nas irregularidades financeiras que a empresa sofreu nos últimos anos.

O presidente da Renault, que detém 43% da Nissan, vai ocupar o lugar no conselho de administração que pertencia ainda formalmente a Carlos Ghosn.

A administração tinha dispensado Ghosn da presidência, logo após a primeira detenção, em 19 de Novembro, contudo, era necessário a aprovação formal da medida pelos accionistas.

O actual presidente executivo, Hiroto Saikawa, pediu desculpa aos accionistas e admitiu que este é um “momento crítico” para a empresa.

“Peço imensas desculpas por todas as preocupações e problemas que causámos”, disse Hiroto Saikawa, durante a assembleia-geral extraordinária.

Saikawa sublinhou ainda que esta foi “uma má conduta impensável e sem precedentes para um executivo de topo”, referindo-se às suspeitas de que Ghosn é alvo.

“Já se passaram quatro meses desde o evento de Novembro. A Nissan está num momento crítico”, mas quer “dar um novo passo na reforma da gestão”, disse Saikawa.

O responsável admitiu ter ficado “em choque” quando soube dos resultados da investigação interna da empresa, que mostrou alegadas práticas ilícitas. Criticado por não ter conseguido impedir tais acções durante vários anos, Saikawa reconheceu “sérios problemas” de gestão e prometeu “colocar a empresa de volta no caminho do crescimento”.

Na quinta-feira, Carlos Ghosn foi detido novamente por suspeita de ter desviado cinco milhões de dólares (4,4 milhões de euros). Os procuradores do Ministério Público japonês adiantaram que o dinheiro terá sido desviado de uma subsidiária da Nissan para uma concessionária fora do Japão.

A detenção aconteceu cerca de um mês depois de Ghosn ter sido libertado sob fiança, quando se encontrava sob custódia das autoridades, suspeito de má conduta financeira enquanto liderava o fabricante japonês.