A “montanha-russa” de Lage e Keizer depois do último duelo entre ambos
No período que se seguiu à primeira mão da Taça, Sporting e Benfica tiveram variações de forma. Os “leões” parecem chegar a este jogo na melhor fase dos últimos dois meses, já as “águias” dão sinais de ter perdido fulgor.
Montanha-russa é um substantivo feminino e descrito no dicionário Priberam como um “equipamento (...) que percorre um circuito de várias subidas e descidas (...)”. Aplicando esta imagem às duas equipas que hoje se voltam a defrontar na segunda mão da meia-final da Taça de Portugal, pode dizer-se que a de Bruno Lage começou pelo lado da subida, enquanto a de Marcel Keizer “preferiu” começar pela descida. Após a partida do Estádio da Luz jogada já em Fevereiro – 2-1 a favor dos “encarnados” –, Sporting e Benfica atravessaram picos e momentos de forma diferentes, mas, curiosamente, com variações coincidentes.
Para os “leões”, o jogo na Luz, para a Taça, marcou a continuação de uma fase dura: chegou a seguir ao empate em Setúbal e à derrota frente ao Benfica, em Alvalade (Liga), e antes de uma vitória difícil em Santa Maria da Feira (1-3), uma derrota e um empate frente ao Villarreal – e consequente eliminação da Liga Europa –, e um empate na Madeira, frente ao Marítimo. O pós-Taça foi a fase do adeus “leonino” ao título.
Por outro lado, o Benfica de Lage saiu da primeira mão da Taça com “fome”: 10-0 ao Nacional, vitória na Turquia, frente ao Galatasaray, para a Liga Europa, 3-0 ao Desp. Aves, 4-0 ao Desp. Chaves e vitória no Dragão, frente ao FC Porto, para a Liga. O pós-Taça foi a fase da chegada “encarnada” à liderança do campeonato.
Março alterou o panorama
O último mês, no entanto, mudou o panorama e colocou Lage e Keizer em fases opostas da “montanha russa”. O Benfica trocou os golos e o futebol atractivo por uma derrota em Zagreb, frente ao Dínamo, um empate na Luz, frente ao Belenenses (primeira vez que Lage não venceu em jogos internos), e uma vitória suada, no prolongamento, novamente frente aos croatas. Após o 4-0 em Moreira de Cónegos – jogo que era apontado como crucial na corrida do Benfica ao título –, os “encarnados” voltaram a sentir dificuldades, “arrancando a ferros” uma vitória frente ao Tondela. Cortesia do regressado Seferovic, que desempenha um papel decisivo em toda esta variação exibicional do Benfica.
O avançado lesionou-se no primeiro jogo frente ao Dínamo, em Zagreb, esteve fora das opções durante o referido período “cinzento” do Benfica e regressou no último sábado, para manter os “encarnados” na liderança da Liga. A própria incapacidade de o Benfica criar problemas no último terço pode relacionar-se com a falta que a equipa pareceu sentir da profundidade e largura dadas por Seferovic. O Benfica pareceu adaptar-se menos bem à dupla Félix-Jonas do que à bem “oleada” dupla Félix-Seferovic.
Por outro lado, Keizer trocou o pós-Taça intermitente por uma fase de maior fulgor. O Sporting chega ao “mata-mata” da Taça, marcado para esta quarta-feira, depois de quatro vitórias consecutivas para a I Liga: duas fora de casa, frente a Boavista e Desp. Chaves, e duas em Alvalade, frente a Portimonense e Santa Clara. O Sporting é a equipa da Liga com melhor sequência actual de resultados – o FC Porto vem de três vitórias e o Benfica de duas – e, na temporada dos “leões”, apenas as primeiras semanas após a chegada de Keizer foram melhores do que o último mês.
Com foco exclusivo no período pós-primeira mão da Taça, o Sporting parece chegar a este jogo na sua melhor fase recente, enquanto as “águias” parecem ter perdido algum fulgor, nas últimas semanas, apesar de estarem a conseguir manter, de modo geral, a consistência nos resultados.
Há, ainda, um factor adicional: os resultados das equipas após a primeira mão desta meia-final colocaram as “águias”, por um lado, em luta pelo título e pela Liga Europa e, por outro, “chutaram” os “leões” para fora dessas duas lutas. O período pós-primeira mão fez, assim, da Taça de Portugal, uma prova com importância adicional para o Sporting e, por extensão, para Marcel Keizer. Já Bruno Lage terá algum “oxigénio” para respirar, mesmo que esta quarta-feira lhe “roube” o Jamor.