Situação de seca agravou-se em Março em Portugal

“Já começa a aparecer seca extrema no Algarve, entre Faro e Vila Real de Santo António”, avisa Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA)

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ADRIANO MIRANDA

Confirmam-se as piores previsões: Portugal continental chegou ao final de Março numa situação de seca meteorológica. Na sequência dos baixos valores de precipitação, houve um aumento quer na classe severa, quer na extrema.

Em entrevista à agência Lusa, Vanda Pires, da Divisão de Clima e Alterações Climáticas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), adiantou que até 28 de Março aumentou a área em seca severa, situando-se nos 37,5%, quando em Fevereiro era 4,8%. “Em Fevereiro não existia seca extrema, mas em Março registou-se um valor de 0,5%. Já começa a aparecer seca extrema no Algarve, entre Faro e Vila Real de Santo António”, disse.

Recorde-se que o IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”. De acordo com índice meteorológico de seca (PDSI), em Março 45,1% do território estava em seca moderada e 16,8% em seca fraca.

Esta situação tinha já sido notada pelo ministro da Agricultura, Capoulas Santos, depois de uma reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, que se voltará a reunir a 30 de Abril. O governante considera que a situação é preocupante embora esteja longe do que se passou no ano passado.

Entre os agricultores já há apreensão. E esse sentimento está a alastrar. Para garantir que a água não vai faltar nas torneiras, o Governo pré-contratou camiões-cisterna para responder a qualquer necessidade de abastecer aglomerados urbanos dependentes de captações subterrâneas.

Segundo Vanda Pires, o mês de Março, conforme o resumo do Boletim Climatológico feito pelo IPMA, pode classificar-se como quente quanto à temperatura do ar e muito seco quanto à precipitação. Até dia 28, a média da temperatura máxima do ar foi de 19,24 graus celsius, o terceiro mais alto desde 2000. No que diz respeito à precipitação, o aquele mês foi o 7.º mais seco desde 2000.

Vanda Pires disse ainda à Lusa que o mês de Abril deverá continuar com tempo seco. “Está prevista chuva, mas nada de significativo que ajude a colmatar a seca”, contou. Este mês poderia ser decisivo para baixar os níveis de seca, mas só se houvesse precipitação intensa e prolongada. “Abril é normalmente um mês que traz precipitação. Se isso não se verificar, a tendência é para agravar, uma vez que os meses de Maio e Junho são meses de pouca precipitação e a ocorrer já não será suficiente para colmatar a situação de seca”, explicou.

As próximas semanas são fundamentais, até pelo risco de incêndios florestais. Para a primeira semana estão previstos valores de precipitação abaixo do normal para as regiões Norte e Centro. “De notar que para a segunda semana de Abril a incerteza ainda é bastante grande”, disse. “Prevêem-se valores acima do normal para as regiões do Centro e Sul.”