Autores de massacre em escola de São Paulo compraram armas na Internet

Governador de São Paulo oferece indemnização aos familiares das vítimas. Caso aceitem, as famílias não poderão processar judicialmente o governo estadual.

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Amigos e familiares das vítimas prestam homenagem em Suzano LUSA/SEBASTIAO MOREIRA

A polícia brasileira já traçou o perfil e reconstruiu os últimos passos dos dois jovens de 17 e 25 anos que, na quarta-feira, mataram oito pessoas numa escola em São Paulo, suicidando-se de seguida. Os autores do ataque na escola estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, no estado de São Paulo, planeavam o massacre há um ano, tendo adquirido armas e outros objectos utilizados no crime na Internet, no site de compras brasileiro Mercado Livre, contam os jornais Folha de São Paulo e Estadão.

Segundo fontes policiais, os dois ex-alunos daquela escola, Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luís Henrique de Castro, de 25 anos (que faria 26 este sábado), adquiriram cocktails Molotov, um machado, um revólver 38, carregadores, arcos e flechas e uma besta (arma medieval). As autoridades encontraram algumas facturas que comprovavam a compra destas armas e embalagens com o selo da plataforma online brasileira.

Os jovens dirigiram-se à escola onde ocorreu o ataque ao volante de um Onyx branco, veículo que foi alugado por Luís Castro a 21 de Fevereiro. O aluguer terminava esta sexta-feira. Este jovem trabalhava com o pai e, ao início da manhã do dia do ataque, disse que queria voltar para casa porque alegava estar doente. Já Guilherme Monteiro publicou na rede social Facebook cerca de 30 fotos com máscara de caveira na face e uma arma na mão que apontou para a própria cabeça.

Ambos eram amigos e passavam bastante tempo juntos, especialmente na Internet, onde as autoridades suspeitam que terão planeado o ataque, através de um fórum online. Eram jogadores dos videojogos de guerra Call of Duty e Counter Strike e do jogo de luta Mortal Kombat. Todos os computadores, tablets e 11 telemóveis que possuíam foram apreendidos.

Para além de uma máscara, Guilherme Monteiro usou durante o ataque um boné, camisola, calças, sapatos e luvas escuras, bem como um cinto com cartuchos. Luís Castro usava também uma máscara, uma camisa com padrão em xadrez, calças, sapatos e luvas escuras.

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Entretanto, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que as famílias das oito vítimas mortais deste ataque serão indemnizadas em cerca de 100 mil reais (23 mil euros) no prazo de 30 dias. Caso as famílias aceitem o dinheiro, não poderão processar judicialmente o governo estadual. “Cada familiar pode tomar a decisão de receber a indicação ou preferir demandar judicialmente o Estado. Obviamente que estão dentro do seu direito”, afirmou o governador numa conferência de imprensa. João Doria decretou ainda três dias de luto estadual em memória das vítimas do ataque.

Jorge Moraes (51 anos, proprietário de uma empresa de rent-a-car), Marilena Umezo (59 anos, professora coordenadora), Eliana Xavier (38 anos, funcionária escolar) e os alunos Kaio Limeira, Caio Oliveira (15 anos), Samuel Oliveira (16 anos), Claiton Ribeiro e Douglas Celestino (17 anos) são as vítimas mortais deste massacre.

Em Suzano, entretanto, começaram as cerimónias fúnebres. O velório dos corpos começou cedo num ginásio local, no Parque Max Effer, a um quilómetro da instituição de ensino onde aconteceu o ataque. Entre as manifestações de pesar, vários familiares das vítimas sentiram-se mal durante as homenagens, segundo os serviços de emergência local. Realizaram-se várias missas funerárias, onde o ministro da Educação, Ricardo Vélez, o secretário estadual da Educação Rossieli Soares e o prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi, marcaram presença. 

Em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros condenou o tiroteio e enviou condolências ao povo brasileiro. “Portugal condena o tiroteio ocorrido numa escola de São Paulo, no Brasil. Enviamos as mais sentidas condolências às famílias das vítimas e ao povo brasileiro”, refere uma mensagem colocada pelo gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, na rede social Twitter. 

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