Facebook sob investigação criminal sobre acordos de venda de dados de utilizadores

Rede social permitiu o acesso de fabricantes de telemóveis a dados de utilizadores e de amigos destes, mesmo contrariando as definições de privacidade estabelecidas.

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Stephen Lam

Procuradores federais de Nova Iorque abriram uma investigação criminal sobre os acordos de venda de dados que o Facebook celebrou com algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo, avançou o New York Times na quarta-feira. Um grande júri irá requerer registos de pelo menos duas empresas fabricantes de smartphones que terão celebrado acordos para aceder a informações de centenas de milhões de utilizadores da rede social.

As empresas em questão não são nomeadas pelo jornal norte-americano, mas farão parte do lote de mais de 150 companhias, incluindo a Amazon, a Apple, a Microsoft ou a Sony, que celebraram contratos semelhantes com a rede de Mark Zuckerberg. 

As suspeitas são públicas desde pelo menos Junho de 2018, quando foi noticiado que a rede social permitiu que fabricantes de telemóveis, entre os quais a Apple e a Samsung, acedessem a dados dos utilizadores e dos amigos, por vezes contrariando as respectivas definições de privacidade.

Segundo o New York Times já noticiava na altura, estes fabricantes conseguiam aceder a informação dos amigos do utilizador e dos amigos destes, o que significa que o telemóvel de uma pessoa que tivesse algumas centenas de amigos no Facebook poderia chegar aos dados de muitos milhares de pessoas. Entre esta informação estavam o estado civil, religião e os eventos em que tencionavam participar. Os dados eram obtidos mesmo quando os utilizadores tinham configurado o Facebook para que a informação não fosse partilhada com aplicações de terceiros.

Grande parte destas parcerias terão entretanto sido terminadas, indica o jornal norte-americano, mas a investigação criminal prossegue.

O Facebook já era alvo do escrutínio do FBI, da Comissão Federal do Comércio e da Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos no caso relativo à Cambridge Analytica, empresa de consultoria britânica que utilizou uma aplicação para compilar milhões de dados de utilizadores de Facebook, sem o seu consentimento, para fins políticos, nomeadamente para auxiliar a campanha que, em 2016, resultou na eleição de Donald Trump para a Casa Branca.

Emerge assim uma nova crise para o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, que em Dezembro disse estar "orgulhoso do progresso realizado" para tornar a rede social “muito diferente” daquilo que era em 2016, ano que começaram a multiplicar-se as suspeitas de uso indevido dos dados pessoais dos utilizadores e os casos de falhas de segurança e de campanhas de desinformação.

Mais recentemente, já em Março, Zuckerberg e anunciou que a empresa vai focar-se nas mensagens entre utilizadores e na privacidade.

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