Funcionários que não prenderam Guaidó foram detidos, diz a oposição venezuelana
O Presidente interino reuniu com os sindicatos da administração pública e anunciou uma greve do sector. Para sábado foram marcadas manifestações da oposição e do regime de Maduro.
Um grupo de funcionários da Guarda Nacional Bolivariana que estavam de serviço no Aeroporto de Caracas na segunda-feira foram detidos por não terem detido, como tinha sido ordenado pela Justiça venezuelana, o líder da oposição Juan Guaidó.
As detenções foram denunciadas na terça-feira à noite pela oposição venezuelana, que precisou que os detidos foram levados para o Forte de Tiúna, a principal base militar de Caracas.
A ordem de detenção contra Guaidó, emitida quando saiu do país para um périplo diplomático e voltou à Venezuela na segunda-feira, mantém-se.
José Luís Pirela, que faz parte da Comissão Permanente de Política Interior do parlamento venezuelano, onde a oposição é maioria e cujas funções foram anuladas pelo Presidente Nicolas Maduro, explicou no Twitter que "os funcionários recusaram deter Juan Guaidó". Não precisou quantos foram detidos.
Juan Guaidó, que se proclamou Presidente interino e foi reconhecido por 50 países, chegou ao aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía onde foi recebido por uma multidão composta por apoiantes e embaixadores de vários países europeus e latino-americanos.
Entre os embaixadores europeus estava o de Portugal, Carlos Nuno Almeida de Sousa Amaro, confirmaram fontes diplomáticas à agência Lusa.
Ao fazer a viagem, o líder da oposição contornou a proibição de saída do país decretada pela justiça venezuelana por estar em curso uma investigação relacionada com a sua autoproclamação como Presidente interino, arriscando-se a ser detido quando regressasse à Venezuela.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de Janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Nicolás Maduro, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado organizada pelos Estados Unidos.
Guaidó anunciou também na terça-feira à noite que os trabalhadores da Administração Pública venezuelana vão realizar uma greve contra o Presidente Nicolás Maduro e para reivindicar vários direitos.
"Vamos fazer uma greve escalada [que vai subindo de intensidade] na administração pública, uma decisão proposta pelos próprios trabalhadores que não querem cooperar com o regime", disse após reunir-se com membros de vários sindicatos venezuelanos e representantes dos funcionários públicos.
Disse ainda que, como Presidente interino, vai ordenar que seja feita uma lista de "trabalhadores despedidos por razões políticas". "Todos esses despedimentos e toda essa perseguição política contra os trabalhadores fica automaticamente sem efeito, porque toda a autoridade usurpada é nula", disse.
"O jogo mudou na Venezuela. Estamos a ouvir atentamente os nossos trabalhadores, respeitando os direitos sindicais e tabelas salariais (…) vamos trabalhar pelos contratos colectivos e tabelas salariais justas, por sindicatos livres e autónomos", afirmou.
O Presidente interino marcou mais uma jornada de protestos para sábado - Maduro respondeu apelando aos apoiantes do regime socialista bolivariano para saírem em massa à rua no mesmo dia.