Nelson Évora vice-campeão europeu de pista coberta

Medalha de prata para o triplista português em Glasgow, depois dos títulos conquistados em 2015 e 2017.

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Évora falhou o terceiro título europeu consecutivo em pista coberta Reuters/ANDREW BOYERS

Aos 34 anos, quase a fazer 35, Nelson Évora continua a escrever páginas da sua grande lenda desportiva e a mostrar que é um atleta feito para brilhar nos grandes momentos. Nos Europeus de pista coberta, que se realizaram nos últimos três dias em Glasgow, Évora conquistou a prata na final do triplo salto, naquela que foi a única medalha portuguesa na competição. Foi mais um pódio para o saltador do Sporting em Europeus indoor, mas não na posição mais alta, que alcançara em Praga 2015 e Belgrado 2017. Em terras escocesas, perdeu o ouro por 18 centímetros, para o azerbaijano Nazin Babayev.

Évora até liderou o concurso durante alguns minutos, com um quarto salto a 17,11m, o seu melhor do ano, mas Babayev respondeu de imediato com um fantástico recorde pessoal de 17,29m, mais 38 centímetros que a marca indoor que trazia para Glasgow. O português ainda tinha mais dois saltos para responder, mas fez nulo em ambos e já não conseguiu chegar ao rival, que também já não melhorou nos restantes ensaios — o concurso teve, aliás, bastantes nulos, devido às constantes cerimónias de atribuição de medalhas enquanto os atletas saltavam. Quem ainda conseguiu aproximação aos dois da frente foi o alemão Max Hess, que fez 17,10m num quinto salto que lhe valeu a conquista da medalha de bronze. 

Mesmo não sendo de ouro, esta foi mais uma medalha para o extenso currículo de Évora em grandes competições — já são 11, incluindo um título mundial em 2007, um ouro olímpico em 2008 e um europeu já em 2018. Mas foi com uma marca baixa para os seus padrões, ele que é o recordista português de pista coberta, com 17,40m obtidos nos Mundiais de 2018 — já perdeu esse estatuto em termos absolutos para Pedro Pablo Pichardo, o cubano naturalizado português que não esteve em Glasgow porque só está autorizado a competir por Portugal a partir de Agosto.

“Não foi um bom concurso para mim”, admitiu Évora, citado pela agência Lusa, após a final. “Tentei ser o mais competitivo possível, tentei sacar um bom salto, embora o melhor tenha sido um que fiz para marcar, nem tinha a certeza se era nulo ou não. Saio satisfeito na mesma, pois alcancei uma medalha, e seja qual for a cor é sempre uma honra representar da melhor forma as cores de Portugal”, referiu o atleta português que irá fazer 35 anos em Abril e que entregou o título a um atleta 13 anos mais novo. 

“É um atleta jovem, com fome de medalhas. Após a qualificação falámos um bocadinho e viu-se que estava bem. Surgiu aqui um pouco como eu, quando ganhei o primeiro título, mas naquela altura era mais difícil, pois o lote de grandes atletas era grande. Contudo, eu continuo a ter também essa fome de medalhas", garante Évora, que tem conquistado pódios em todas as competições desde que passou a ser treinado por Iván Pedroso em 2016, incluindo medalhas de bronze nos Mundiais ao ar livre de Londres, em 2017, e nos Mundiais de pista coberta de Birmingham, em 2018.

Depois da prova continental em pista coberta, Évora terá como próximo horizonte competitivo os Mundiais de atletismo, que se disputam em Doha, no Qatar, entre Setembro e Outubro. Aí, a concorrência será bem maior, entre os melhores norte-americanos, os melhores cubanos e Pichardo, que será seu colega na selecção portuguesa. E Évora terá de elevar o nível. “Algo que não tem estado a ocorrer, mas eu acredito que vai acontecer e pretendo estar muito forte neste Verão. Nós, europeus, temos sempre de fazer duas épocas num ano. Temos sempre Mundial e Europeu, ou Europeu e Mundial, que é sempre difícil de planificar, mas admito que Doha será o objectivo mais importante, mostrando saltos grandes." 

A prata de Évora foi o ponto alto da participação portuguesa nestes europeus indoor. Da parte da manhã do último dia de competição, Patrícia Mamona foi a melhor das duas portuguesas na final do triplo feminino, classificando-se em quarto, com 14,43m obtidos logo no primeiro salto. A atleta do Sporting, que defendia em Glasgow o estatuto de vice-campeã, fez dois nulos e três saltos abaixo do primeiro (14,29m, 14,39m e 14,21m). Já Susana Costa ficou em quinto lugar, com um novo recorde pessoal igual à marca de Patrícia Mamona, mas com um segundo salto pior (14,21m). 

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