Esquerda aperta PS com nacionalização dos CTT

Deputado socialista disse que administração está a fazer uma gestão “criminosa” dos CTT. PCP e BE insistem com socialistas para que não deixem solução para mais tarde.

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Futuro dos CTT debatido no Parlamento Nelson Garrido

O resultado, já se sabe, será o de ficar tudo na mesma até ao fim da concessão dos CTT, mas o tema animou a tarde de quinta-feira no Parlamento com PCP, BE e PEV a apertarem com os socialistas para que se deixem de “falinhas mansas” e tomem uma acção em relação aos CTT.

À esquerda do PS, os três partidos querem uma nacionalização já e uma reversão da concessão do serviço postal e não querem esperar pelo fim do contrato. Bruno Dias, do PCP, acusou o PS e o Governo de continuarem a “empurrar para um dia destes um problema cada vez mais grave”. “Não se deixe nessa atitude de deixar arder para depois se discutir as cinzas”, disse.

Para a esquerda, o valor de destruição da empresa enquanto não há uma solução é superior ao que teria de ser investido para reverter a privatização dos CTT. Foi essa a resposta do deputado Pedro Filipe Soares, do BE, ao socialista André Pinotes Baptista, do PS, que lhe perguntou pelo “instrumento” que o BE propõe para que se faça a reversão e o preço que se teria de pagar. Nas contas do PS, uma renacionalização custaria cerca de mil milhões de euros e teria de ser em mercado de capitais.

O deputado socialista defendeu que foi feita uma “asneira histórica” pela direita e que resultou que a administração está a fazer “uma gestão criminosa”.

Pegando nesta expressão, o deputado bloquista disse que não “está tranquilo” com a resposta do Governo. “’Logo se vê’ não pode ser uma gestão publica séria de um dossier tão importante quanto este. O ‘logo se vê’ é deixar para amanhã o que está a fazer mal à vida das pessoas. ‘Logo se vê’ é dizer que essa gestão criminosa vai ser compensada”, defendeu.

A expressão foi usada pelo deputado do CDS, Hélder Amaral, que defendeu que, sob pena de o PS ser considerado “irresponsável”, se considera que há uma gestão “criminosa então tinham de resgatar imediatamente a concessão”.

Também o PEV tinha um projecto sobre o assunto. O deputado José Luís Ferreira tendo em conta que os projectos serão rejeitados pelo PS disse que os portugueses “não compreenderão porque motivos esta Assembleia não dá um passo no sentido de reverter a privatização dos CTT”.

Já o PSD levou o debate para um lado mais ideológico. Disse o deputado Paulo Rios Oliveira que à "esquerda radical" não importa a qualidade da prestação do serviço público, mas sim o facto de para a esquerda "os privados não poderem prestar serviços públicos". O deputado exigiu que o "contrato seja cumprido" e criticou ainda a actuação da ANACOM pedindo ao regulador "rigor e bom senso" e que não sirva de "correia de transmissão da agenda ideológica".

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