Samsung antecipa-se aos rivais e lança telemóvel dobrável com dois ecrãs

É uma das maiores tentativas de inovação na última década e chega numa altura em que os consumidores encontram menos razões para comprar aparelhos novos.

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DJ Koh na apresentação do Galaxy Fold LUSA/SAMSUNG ELECTRONICS CO / HANDOUT
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A Samsung adiantou-se aos rivais e lançou um telemóvel que se desdobra para revelar um segundo ecrã, maior, de 7,3 polegadas. Com o novo Galaxy Fold, a marca sul-coreana é a primeira a desafiar o formato de aparelhos que tem dominado a última década.

O telemóvel, revelado numa apresentação em São Francisco, chega numa altura em que o mercado dos smartphones está em queda, com os consumidores a mudar menos vezes de telemóvel, apesar de serem lançados vários novos modelos por ano. Uma das estratégias tem sido aumentar os preços dos modelos topos de gama, com câmaras cada vez mais inteligentes e assistentes digitais incluídas. 

"Hoje assinala-se um novo começo”, frisou DJ Koh, presidente da secção de comunicação móvel da Samsung, ao subir em palco. "Desafiámos os cépticos que dizem que tudo o que podia ser feito, já foi feito. Estamos a mostrar nova tecnologia num mercado saturado."

Por 1980 dólares, o Fold vem com seis câmaras – três na traseira, duas na lateral e uma na parte de trás – para captar imagens de qualquer ângulo. Fechado, o aparelho assemelha-se a dois smartphones sobrepostos, mas o ecrã mais pequeno (com 4,6 polegadas) não ocupa toda a parte frontal. Há uma moldura em redor, pouco comum nos novos topos de gama. Ao abri-lo, como um livro, o utilizador pode utilizar o ecrã maior para trabalhar em três aplicações em simultâneo: por exemplo, pode ver um vídeo, pesquisar na Internet e enviar mensagens ao mesmo tempo.

A marca trabalhou com o Google, que é responsável pelo desenvolvimento do Android, para garantir que as aplicações que são abertas quando o aparelho está fechado continuam a trabalhar sem interrupções se o utilizador decidir passar para o segundo ecrã. 

Vai ainda existir uma versão 5G, a quinta geração de redes móveis.

O aparelho chegará às lojas em Abril de 2019, mas ainda não há previsão de data ou preço para Portugal.

Para o analista da IDC Francisco Jerónimo, o Fold pode voltar a reacender o interesse dos utilizadores por novos telemóveis, numa altura em que o mercado está a cair.

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A Samsung apresentou quatro novos modelos para além do Fold Reuters

“Vai voltar a haver um grande interesse em mudar de telemóvel quando chegarem os telemóveis dobráveis, porque as pessoas querem ecrãs maiores. Ou com a vinda do 5G”, disse Jerónimo, ao PÚBLICO, horas antes da apresentação da Samsung.

O mercado de smartphones tem estado a encolher nos últimos anos. De acordo com dados da IDC, no último trimestre de 2018 o número de aparelhos vendidos caiu 5%. A Samsung, que lidera o sector há anos, tinha uma quota de 19%, resultado de uma queda de 6% face aos mesmos meses de 2017. A Apple tinha 18%, após uma descida de 12%. Ambas estão a sentir a Huawei a aproximar-se. As vendas da fabricante chinesa dispararam 44% e representaram uma fatia de 16% do total.

Já em Portugal, a Huawei liderou no trimestre passado, com 32% do mercado de smartphones, a que correspondem cerca de 267 mil telemóveis. Seguem-se a Samsung (27%) e a Apple (13%). 

A novidade da Samsung foi anunciada dias antes do Mobile World Congress, a feira anual em Barcelona onde são reveladas novidades do sector móvel, e onde outras fabricantes deverão apresentar as suas versões de telemóveis que se dobram.

No final de Janeiro, a chinesa Xiaomi já tinha mostrado um protótipo em que as extremidades se desdobram para relevar um ecrã maior. E a Huawei também já confirmou que vai lançar um telemóvel dobrável este ano. Mas foi a Samsung a primeira a mostrar um produto acabado.

A Samsung apresentou ainda outros quatro telemóveis – S10e, S10, S10 versão 5G (o único que não tem previsão de comercialização em Portugal), e o S10+. 

O mais caro será a versão do S10 + com um terabyte de armazenamento, que custará 1639,39 euros. O S10e (que é também o mais pequeno, com 5,8 polegadas) irá rondar os 780 euros.

Os modelos vêm todos equipados com câmaras inteligentes para ajudar o utilizador a tirar fotografias (há modos pré-programados para tirar fotografias a cães, gatos, bebés, sapatos, comida, ou em movimento), com uma lente grande angular (para fotografias de paisagens extensas, com um campo de visão de 123 graus), com uma assistente digital que aprende a rotina do utilizador, e com a capacidade de carregar outros telemóveis ou pequenos aparelhos (por exemplo, auriculares sem fios). Esta é uma funcionalidade que a rival Huawei já tinha mostrado em Outubro.

Outro foco nos novos telemóveis da Samsung (além do 5G e de ecrãs que se dobram) é a segurança. Os modelos S10, S10+ e S10e vêm com ecrãs que escondem microfones para memorizar os contornos do dedo do utilizador. O objectivo é impedir atacantes com fotografias do dedo de alguém de tentar desbloquear o telemóvel.

Francisco Jerónimo nota que o 5G ainda não é necessariamente uma mais-valia. “Quando a cobertura aumentar, sim, as pessoas vão querer ter um telemóvel que permita aceder a uma Internet mais rápida. Mas em Portugal isso só será daqui a quatro ou cinco anos. Ninguém vai querer investir num telemóvel que só funciona bem no centro de Lisboa ou no Porto.”

Os novos Galaxy S (S10e, S10 e S10 +) chegam às lojas portuguesas a partir de dia 8 de Março, mas já estão todos disponíveis para pré-encomenda.

Problemas técnicos na redacção do PÚBLICO impediram que este texto fosse publicado na quarta-feira, após a apresentação da Samsung.

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