“Brexit”: deputadas conservadoras saem do partido e juntam-se a dissidentes trabalhistas

Anna Soubry, Sarah Wollaston e Heidi Allen escreveram carta a Theresa May em que dizem que o Governo está dominado pelos interesses dos eurocépticos do partido.

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Anna Soubry, uma das deputadas conservadoras que saiu do partido ANDY RAIN/EPA
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Sarah Wollaston, outra das deputadas ANDY RAIN/EPA
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Sarah Wollaston, Heidi Allen e Anna Soubry, esta quarta-feira Henry Nicholls/REUTERS

Três deputadas conservadoras abandonaram os tories para se juntarem ao Grupo Independente, uma formação política fundada esta semana por dissidentes trabalhistas, e acusaram o Governo de Theresa May de se ter rendido aos defensores do “hard ‘Brexit’” dentro do Partido Conservador.

As deputadas enviaram uma carta à primeira-ministra com fortes críticas à condução do processo de saída do Reino Unido da União Europeia, que acreditam estar alinhada com os defensores de um “Brexit” sem acordo. “Não sentimos que possamos continuar a fazer parte do partido num governo cujas políticas e prioridades estão tão firmemente subjugadas pelo ERG [European Research Group, a facção eurocéptica do Partido Conservador] e pelo DUP [Partido Unionista, parceiro de coligação dos conservadores]”, dizem as deputadas.

“O ‘Brexit’ redefiniu o Partido Conservador, desfazendo todos os esforços para o modernizar”, lamentam. “Houve um falhanço inadmissível em enfrentar o extremista ERG, que funciona abertamente como um partido dentro do partido, com o seu próprio líder, com um líder parlamentar, e uma política.”

Theresa May disse ter ficado “triste” com a saída das deputadas, mas garantiu que não irá mudar de rumo. “Através do cumprimento do nosso compromisso programático, pondo em prática a decisão do povo britânico, estamos a fazer a coisa certa pelo nosso país”, afirmou a primeira-ministra.

Anna Soubry, Sarah Wollaston e Heidi Allen anunciaram a saída do Partido Conservador esta quarta-feira, para se juntarem ao Grupo Independente, fundado há dois dias por um grupo de sete deputados trabalhistas dissidentes, com o objectivo de o tornar um partido político “até ao final do ano”.

A cisão foi justificada com fortes críticas à liderança de Jeremy Corbyn, que acusam de ter uma estratégia ambígua para o “Brexit”, para além de ter encostado o partido à esquerda e não ter dado uma resposta firme a manifestações de anti-semitismo de alguns dirigentes. Na terça-feira, houve mais uma deputada trabalhista, Joan Ryan, a juntar-se ao Grupo Independente.

Os sete fundadores do grupo disseram contar com a entrada de deputados conservadores igualmente descontentes com a sua liderança partidária.

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