Venezuela não deixa entrar eurodeputados que iam visitar Juan Guaidó
O eurodeputado espanhol González Pons contou no Twitter que as autoridades venezuelanas retiraram os passaportes a todos os membros da comitiva do PPE, expulsando-os do país.
As autoridades venezuelanas impediram a entrada ao grupo de cinco eurodeputados que chegaram durante a tarde de domingo ao país a convite da Assembleia Nacional para visitar Juan Guaidó, presidente interino reconhecido por vários países europeus e pelos EUA.
De acordo com um tweet do eurodeputado espanhol González Pons, as autoridades venezuelanas, cumprindo ordens do Governo do Presidente Nicolás Maduro, confiscaram todos os passaportes e expulsaram-nos do país: “Estão a tratar-nos muito mal e a única explicação que nos dão é que Maduro não nos quer aqui”.
Num vídeo, que circula na mesma rede social, publicado pela conta de Lilian Tintori, mulher de Leopoldo López, líder da oposição preso, o eurodeputado repete a história: “Não nos comunicaram a razão da expulsão nem temos nenhum documento que justifique porque nos estão a expulsar do país”.
“Não deixaram entrar convidados de um órgão constitucional venezuelano. Somos a primeira delegação internacional que ia visitar o presidente interino, Juan Guaidó”, completou.
A delegação era composta ainda pelos eurodeputados espanhóis Gabriel Mato, José Ignacio Salafranca e Juan Salafranca e pela holandesa Esther de Lange.
Juan Guaidó também já reagiu através de uma publicação no Twitter onde afirma que a delegação de eurodeputados foi expulsa “por um regime isolado e cada vez mais irracional” e garante que irão exercer “toda a pressão necessária para acabar com a usurpação”.
Ao El Mundo, González Pons confirmou, por telefone, que o grupo ia voltar para a Europa no mesmo avião da Iberia em que chegaram.
“Estamos solidários com os eurodeputados que a ditadura acaba de expulsar do país. Esta é só uma amostra do medo e desespero de Nicolás Maduro porque sabe que este processo não tem retorno” disse Julio Borges, antigo presidente da Assembleia Nacional, citado pelo mesmo jornal espanhol.
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Jorge Arreaza, defendeu que a visita dos eurodeputados se tratava de uma viagem com “fins conspirativos” e que a comitiva tinha sido notificada previamente de que não seria aceite no país. “O Governo não vai permitir que a extrema-direita europeia perturbe a paz e a estabilidade do país com outra das suas rudes acções intervencionistas”, disse Arreaza numa publicação nas redes sociais.
A visita da delegação do PPE, o maior grupo político do Parlamento Europeu, tinha duração prevista até terça-feira, com encontros confirmados com todos os grupos parlamentares com representação na Assembleia Nacional (parlamento venezuelano) e com o presidente do órgão legislativo e autoproclamado Presidente interino venezuelano, Juan Guaidó. O objectivo da visita era, entre outras coisas, avaliar a situação política e humanitária naquele país.
De acordo com o El Mundo, a expulsão dos eurodeputados era tida como certa nos círculos diplomáticos. Os grupo teria conhecimento dessa possibilidade, de acordo com um tweet anterior de Pons: "Acabámos de aterrar na Venezuela. Durante a escala em Santo Domingo [República Dominicana], tanto a embaixadora da UE como a de Espanha nos avisaram que íamos ser expulsos ou retidos."
Paulo Rangel, eurodeputado europeu, devia estar na comitiva da visita, mas devido à congestão de tráfego aéreo em Madrid, perdeu o voo que o levaria a Caracas.
Foi a 31 de Janeiro que o Parlamento Europeu reconheceu Guaidó como Presidente interino legítimo da Venezuela, à semelhança da maioria dos países da UE, e na sequência da posição assumida pelos Estados Unidos, Canadá e vários países da América Latina.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de Janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro. Guaidó, 35 anos, prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.