É oficial, Pedro Marques avança para Bruxelas
António Costa chamou ao palco o cabeça de lista do PS às europeias: o até agora ministro do Planeamento e das Infra-estruturas.
Foi o próprio Pedro Marques quem brincou com a situação. A sua escolha para cabeça-de-lista do PS às europeias de Maio foi um segredo mal guardado. Um mês e cinco dias depois de o PÚBLICO ter escrito que o então ministro ganhava força no PS como cabeça de lista às europeias, o secretário-geral do partido chamou-o ao palco da Convenção Nacional #SomosEuropa, em Gaia, e confirmou a notícia: Pedro Marques é mesmo o número um na lista do PS à Europa. António Costa e Pedro Marques abraçaram-se, depois, três vezes. O ainda ministro subiria duas vezes ao palco e não pouparia críticas à direita, acusando o candidato social-democrata, Paulo Rangel, de ter falta de memória.
Aos militantes, o secretário-geral do PS, António Costa, defendeu a escolha de Pedro Marques por ter experiência governativa e uma relação com o país, uma vez que foi secretário de Estado da Segurança Social, e conhece ao mesmo tempo as instituições europeias por ter sido o ministro com o pelouro dos fundos europeus neste mandato.
Aos socialistas, António Costa lembrou que houve sempre a tradição de renovação dos cabeças-de-lista à Europa e que não quis fugir à regra. “Para manter a tradição, não vamos renovar o cabeça de lista. Escolhi alguém que creio que está em excelentes condições para dar continuidade a esta tradição porque conhece o país", disse. "Nas funções que tem exercido, não há autarca com quem não tenha falado, se precisamos de alguém que nos represente em Bruxelas, tem de ser alguém que conhece as nossas necessidades", defendeu.
Além disso, disse o primeiro-ministro, o PS vai apostar na renovação de quadros e Pedro Marques é um desses representantes. Como terceira razão, frisou, Pedro Marques tem "experiência e conhece as instituições europeias".
"É preciso alguém que tenha dado contribuições relevantes e tenha visão da nossa estratégia do Governo e alguém com provas dadas na acção governativa". Para Costa, Pedro Marques reúne os requisitos.
O socialista, que a partir de agora abandonará o executivo, foi o último a falar. Na convenção que o oficializou como candidato às europeias fez um discurso virado para a Europa, mas que não deixou de fora as críticas à direita, sobretudo a Paulo Rangel e às "cassandras da direita" que dificultaram a tarefa de Portugal na luta contra a aplicação de sanções. "Lá vinha Paulo Rangel, na Universidade de Verão de 2016 do PSD, dizer que o futuro de Portugal é uma parede e que, inevitavelmente, seria conduzido a um novo resgate", começou por dizer. "Há três anos, pediam sanções e punham em causa os esforços de Portugal para sair do procedimento por défices excessivos, agora vêm aqui pedir o voto dos portugueses. Eles não têm memória, não se querem lembrar do mal que fizeram. Mas nós lembramo-nos bem, e os portugueses não se esquecerão", disse.
Não seria a única vez que apontaria baterias ao PSD e ao CDS que, disse, dificultaram as negociações para a reprogramação do Portugal 2020. "Portugal está no primeiro lugar a nível europeu na execução de fundos comunitários dos países com envelopes financeiros relevantes. E Portugal, o Governo português, António Costa, depois de muita pressão, conseguiu já assegurar na discussão dos Fundos Comunitários após 2020, que a primeira proposta formal da Comissão Europeia é já melhor para Portugal que o resultado desses negociadores que foram Durão Barroso e o Governo de Passos Coelho, Portas e Cristas. Não estamos satisfeitos, porque não aceitamos nada menos que a ambição maior de uma Europa coesa. Mas não aceitamos que se esqueçam da história quando isso lhes dá jeito".
No seu primeiro discurso, o candidato socialista defendeu ainda "um novo contrato social para a Europa: mais emprego, menos desigualdades, contas certas".