Adeus Opportunity, o robô que mais tempo viveu em Marte

Após 15 anos, a missão do robô Opportunity terminou. Deixa-nos provas de que Marte pode ter tido vida no passado e muitas imagens bonitas do planeta vermelho.

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Rasto do Opportunity enquanto voltava da cratera Endeavour no Verão de 2014 NASA/JPL-Caltech/Cornell/ASU
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Representação do robô Opportunity NASA

Opportunity – o duradouro robô da NASA que só foi concebido para caminhar na superfície de Marte durante três meses – parou de comunicar com a Terra depois de 15 anos de missão, revelou esta quarta-feira a NASA. Termina assim a missão do robô da agência espacial norte-americana que mais tempo viveu em Marte.

Este era um fim já previsível. Os engenheiros da missão perderam contacto com o veículo movido a energia solar a 10 de Junho de 2018 durante uma tempestade de poeira que assolou Marte. Desde então, a equipa da NASA fez numerosas tentativas – em vão – para voltar a comunicar com o robô de seis rodas, que tinha o tamanho de um carro de golfe.

Os equipamentos do Opportunity devem ter sido danificados pela tempestade enquanto passava pelo Vale da Perseverança. Nessa altura, ficou à sombra, deixando assim os seus painéis solares sem a luz necessária para funcionar, refere a NASA.

O veículo foi construído para caminhar um quilómetro, mas acabou por andar 45. Desta forma, funcionou em Marte mais tempo do que qualquer outro robô enviado para a superfície do planeta vermelho.

Na terça-feira, ao enviarem uma transmissão para o robô, os engenheiros da missão fizeram a última tentativa para reanimar o Opportunity, mas não receberam nenhum sinal de volta, disse Thomas Zurbuchen, um dos administradores da NASA. “Portanto, é com grande sentido de agradecimento e gratidão que declaro a missão Opportunity concluída”, afirmou Thomas Zurbuchen num vídeo do Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA, em Pasadena (Califórnia).

Húmido e quente

Ao explorar crateras em Marte, o Opportunity reuniu provas para demonstrar que o planeta no seu passado foi quente e húmido o suficiente para suportar vida, sublinhou a NASA. As provas incluem a descoberta de depósitos de um mineral que se pensa ser gesso, o que indica que houve movimentação de água através de fracturas subterrâneas.

O Opportunity aterrou em Marte em Janeiro de 2004, poucas semanas depois do seu robô gémeo, o Spirit, que terminou a sua missão em 2010, depois de ter ficado preso em solo mole.

A missão do Opportunity custou mais de mil milhões de dólares (887 milhões de euros) e teve cerca de 300 membros dedicados logo após ter pousado na superfície do planeta, disse John Callas, responsável pela missão do Opportunity e do Spirit. Após o silêncio do Opportunity a 10 de Junho, a equipa acabou por se reduzir a 30 pessoas.

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Sombra do Opportunity em Julho de 2004, o ano em que aterrou em Marte NASA/JPL-Caltech

Agora, o Opportunity deixa o seu legado a outros robôs como o Curiosity (também da NASA), que chegou a Marte em 2012 e continua a trabalhar na superfície marciana. Por exemplo, está a recolher amostras do solo, analisando-as para se procurarem sinais de compostos orgânicos.

Já a sonda InSight, o primeiro módulo de aterragem concebido para estudar o interior mais profundo de Marte, chegou à superfície do planeta em Novembro de 2018 com instrumentos para detectar abalos sísmicos. A InSight e a Mars 2020 (a próxima missão a Marte planeada para 2020), ambas da NASA, são consideradas precursoras da exploração humana de Marte, um objectivo que Jim Bridenstine (administrador da NASA) diz pretender alcançar já em meados da década de 2030.

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