Reabilitação da Ponte Luís I tem luz verde e dois milhões para avançar

Concurso para as obras no tabuleiro inferior deverá ser lançado até final de Março e empreitada tem prazo estimado de um ano

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Ponte D. Luís apresenta sinais de degradação há bastante tempo Nelson Garrido

Na manhã desta sexta-feira, a Câmara de Gaia manifestava nas redes sociais o seu desagrado por a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) continuar a “num vaivém de pareceres” que adiavam as obras na Ponte D. Luís I. E extremava o discurso, pedindo mesmo a demissão da directora geral, Paula Silva. Mas poucas horas depois, a Infra-Estruturas de Portugal vinha acalmar os ânimos e revelar que o parecer já tinha sido, afinal, emitido. A 30 de Janeiro, confirmou ao PÚBLICO a DGPC, foi dada luz verde a um projecto que deu entrada a 7 de Dezembro de 2018 na Direcção Regional de Cultura do Norte. Esta apreciação foi a segunda dada por esta entidade, depois de um “parecer favorável condicionado”, emitido a 30 de Maio, no seguimento do qual o projecto de intervenção na ponte “foi revisto nos termos propostos”.

Os sinais de degradação do tabuleiro inferior da ponte D. Luís são há muito visíveis. O projecto agora aprovado prevê a substituição integral da laje do tabuleiro, com os passeios incluídos, a introdução de um sistema de travamento longitudinal e o reforço dos banzos superiores das vigas, diagonais e montantes. Está também prevista a manutenção dos aparelhos de apoios, substituição das juntas de dilatação, reparação das portas de acesso aos encontros e reabilitação dos serviços afectados.

O concurso para a obra da ponte, classificada como imóvel de interesse público desde 1982, deverá ser lançado ainda no primeiro trimestre e a empreitada tem um orçamento de dois milhões de euros e tempo previsto de um ano para ser concluída.

Em respostas enviadas por email, o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, mostrou-se satisfeito com o avanço, não deixando de notar que o processo “poderia ter sido mais ágil”. A autarquia portuense preferiu não prestar declarações, por não ter “qualquer jurisdição sobre a ponte”, recordando apenas que o município tem alertado “para a insegurança” decorrente da degradação da estrutura. Mas de Gaia chega a recordação de uma batalha que tem sido feita pelas duas cidades: “A insatisfação das pessoas visava sempre as câmaras, porque as pessoas acham que é competência municipal. Agora é esperar que o concurso público não tenha percalços.”

Os “atrasos” no início da empreitada, afirma o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, são da responsabilidade da DGPC: “Desde o início havia dinheiro do IP para a obra, perdeu-se muito tempo a discutir a opção entre cravos e parafusos”, lamentou, referindo-se ao primeiro parecer que demorou quase dois anos a ser emitido. 

O avanço desta obra, sublinha, não significa uma desistência em relação ao projecto de alargamento do tabuleiro, com passeios exteriores para peões e ciclistas, pensado pelas duas câmaras desde 2015. Eduardo Vítor Rodrigues promete voltar a essa luta, até porque considera “curiosa” a justificação da DGPC para reprovar a empreitada: “Não se pode alargar o tabuleiro, dada a obra de arte que é a Ponte Luís I. Mas esta justificação é contraditória com o alargamento (e bem) do tabuleiro superior aquando das obras do metro.” Entretanto, os dois autarcas têm já acordada a construção de uma nova travessia entre Porto e Gaia, para estar pronta dentro de quatro anos.

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