Enfermeiros diagnosticados com gripe A no Hospital Garcia de Orta
Para além de haver enfermeiros infectados em pleno pico epidémico, o sindicato fala em "casos de coacção de enfermeiros que saíram do Serviço de Urgência em burn out para regressarem compulsivamente".
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) revelou que há vários enfermeiros com diagnóstico confirmado de gripe A no Hospital Garcia de Orta, em Almada.
No comunicado enviado à comunicação social, o SEP levanta problemas relacionados com a sobrelotação agravada das instalações hospitalares nos concelhos de Almada e Seixal, e culpa a direcção do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES), “que teima em manter enfermeiros discriminados mesmo depois do presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo ter afirmado que não faz qualquer sentido esta situação”.
Estas condições, diz o sindicato, “tornam impraticáveis as medidas de protecção que impeçam o contágio entre doentes e profissionais, favorecendo a propagação da gripe em meio hospitalar”. Há “macas nos corredores dos serviços de urgência e de internamento”, acrescenta o comunicado.
“Em muitos casos em que o número de camas já não é suficiente, os doentes são internados em pleno corredor de passagem dos serviços, com evidente risco para todos os que passam por estes corredores e ficam expostos ao contágio”, descreveu o SEP que também lamenta a grande probabilidade de contágio quando “os doentes com suspeita de gripe são atendidos na Urgência Geral e depois transferidos para a Unidade de Contingência da Gripe.”
Além disso, o SEP lamenta que se mantenham “o mesmo número de enfermeiros em cada turno, o que leva à exaustão das equipas de enfermagem, ao aumento dos ritmos de trabalho e, no caso do Hospital Garcia de Orta, já foram denunciados casos de coacção de enfermeiros que saíram do Serviço de Urgência em burn out para regressarem compulsivamente”.
“Este litígio provocou a greve que decorre aos fins-de-semana no Atendimento Complementar, das 10 às 17 horas, nos centros de saúde e que aumenta o encaminhamento de doentes para o hospital”, relembrou o SEP. “É urgente a admissão de enfermeiros e a organização das respostas de saúde que aposte nos Cuidados de Saúde Primários para diminuir a afluência aos serviços de urgência hospitalares”, apela.
O primeiro grande surto mundial de gripe A (vírus H1N1) surgiu em 2009 em 214 países. Foram confirmadas mais de 17 mil mortes pelo mundo, sendo que 121 pessoas morreram em Portugal - o 11º país a registar mais casos de gripe A no continente europeu.