VW é líder mundial de vendas, com ajuda do diesel. Ou será a Renault?
Marca alemã diz que carros diesel estão para durar, depois de as vendas a privados terem duplicado na Alemanha em 2018.
Setenta mil carros. Esta é a diferença que separa o primeiro do segundo fabricante de veículos na tabela mundial de vendas, em 2018. O título de maior vendedor do mundo é do grupo Volkswagen, que vendeu 10,8 milhões de unidades no ano passado, e que assim continua a recuperar dos efeitos do escândalo dieselgate. Mas se se excluir a venda de camiões MAN e Scania, que pertencem à VW, os alemães venderam 10,6 milhões de carros ligeiros. E assim sendo são ultrapassados pela aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, que anunciou vendas de 10,76 milhões de unidades (excluindo camiões).
Num ano que fica marcado pela prestação negativa do maior mercado do mundo, a China, onde as vendas tiveram a maior queda da década (-11,6%, para 2,39 milhões de unidades), a luta pela liderança mundial voltou a ser um embate entre europeus e asiáticos. Os produtores norte-americanos, outrora líderes mundiais, continuam arredados desta discussão.
No topo da tabela, o construtor sediado em Wolfsburgo anunciou ao mercado ter registado em 2018 um aumento de 0,9% nas vendas. A VW está basicamente ausente da luta no mercado dos veículos eléctricos e talvez os números do ano passado ajudem a explicar porquê: as compras de carros com motor diesel por particulares praticamente duplicaram na Alemanha, onde os carros a gasóleo têm perdido rapidamente quota de mercado nos últimos anos.
VW: diesel está para durar
Será um ressurgimento da confiança dos particulares no diesel da VW? "Dada a elevada eficiência e performance, o motor diesel vai continuar a ser uma tecnologia importante nos próximos anos, especialmente para aqueles que têm de cobrir grandes distâncias", sustenta Jurgen Stackmann, administrador responsável pela marca VW na casa-mãe do grupo, que vendeu 6,25 milhões de carros VW (um acréscimo de 0,2% face a 2017), 1,81 milhões da Audi, 1,25 da Skoda e 517 mil da Seat.
A VW sustenta por isso que o motor diesel ainda está para durar, com as vendas de motor a gasóleo na Alemanha a representarem 43% do total em 2018. Esse dado compara com os 39% de quota do diesel nas vendas da VW em 2017 – e pode servir como mais um indicador para o debate que se instalou em Portugal por causa da polémica afirmação do ministro do Ambiente, Matos Fernandes, que declarou que os carros diesel vão perder valor de troca nos próximos quatro ou cinco anos.
Dentro da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, que perdeu o líder Carlos Ghosn em 2018 mas pode continuar a reclamar o estatuto de maior vendedor de ligeiros do mundo, o crescimento mais vincado foi da Mitsubishi (+18%, para 1,2 milhões de carros vendidos), seguido da Renault (+3,2%, para 3,9 milhões de unidades). A Nissan foi a que vendeu mais (5,7 milhões), mas contribuiu para os resultados do grupo com uma descida de 2,8% face a 2017.
Depois da VW e da Renault, surge a Toyota no terceiro lugar, com 10,59 milhões de unidades vendidas, incluindo os carros da Lexus, Daihatsu e os camiões da Hino. É a segunda vez consecutiva que este fabricante japonês fica no último lugar do pódio das vendas anuais.
A norte-americana General Motors vive tempos de agonia – anunciou uma gigantesca reestruturação em Dezembro de 2018, com fecho de cinco fábricas nos EUA e o despedimento de 15% dos 54 mil trabalhadores no país natal. Fica em quarto lugar na tabela mundial, com menos um milhão de carros vendidos face a 2017, e um volume de vendas global acima das oito milhões de unidades.
A GM tinha ultrapassado pela primeira vez os dez milhões em 2016, mas no ano seguinte fixou as vendas em 9,6 milhões. Em 2018 não poderá incluir os 681 mil carros Opel e Vauxhall vendidos no ano passado, dado que a subsidiária alemã foi vendida ao grupo PSA, dona da Peugeot e da Citroën.
Os coreanos da Hyundai, que detêm a marca Kia, fecham a lista dos cinco primeiros, com 7,4 milhões de carros vendidos em 2018.