My Bookpack: um guia com rotas personalizadas e alternativas para descobrir Portugal
Dêem-lhes a data, a duração, a companhia (se for o caso), os gostos, o sítio onde se quer ir e quanto se quer gastar — Ana e Leonor tratam de tudo. O My Bookpack aposta em combater a sazonalidade do turismo em Portugal ao “criar rotas alternativas e diferentes”.
Que Portugal tem estado no topo das escolhas turísticas dos estrangeiros já se sabe. Os World Travel Awards confirmaram-no com o galardão de Melhor Destino Turístico do Mundo, pela segunda vez consecutiva, em 2018: Lisboa tornou-se a Melhor Cidade Destino do Mundo e o Melhor Destino de City Break, a Madeira foi considerada o Melhor Destino Insular do Mundo e os Passadiços do Paiva, em Arouca, foram eleitos como a Melhor Atracção Turística de Aventura. E esta semana Braga quase se sagrava Destino Europeu do Ano. Mas ainda há muito por descobrir. “As pessoas sabem que existe o Porto, Lisboa e ilhas, mas não fazem ideia da variedade de opções que Portugal tem para oferecer ao nível de alojamento, experiências, paisagens, alimentação, por exemplo." Foi assim que Ana Lobo, 32 anos, teve a ideia de criar o My Bookpack, um guia personalizado que “ajuda as pessoas a procurarem rotas diferentes e explorarem melhor o país”.
O projecto nasceu em Março de 2017, mas a ideia foi ganhando forma durante os cinco anos em que Ana, formada em Gestão, viveu na Holanda. “Sempre gostei de planear viagens e já ajudava muitos amigos estrangeiros que vinham a Portugal. Dava-lhes dicas para eles poderem ter a melhor experiência possível.” É que, conta Ana, tinha colegas “que não conheciam nada de Portugal”. “Sentia que a informação que as pessoas tinham sobre o país era muito limitada.” Também Leonor, 29, partilhou o mesmo sentimento quando, durante algum tempo, trabalhou como enfermeira em Inglaterra. Por isso, no último ano, decidiu juntar-se ao projecto.
Um guia impresso em papel, com o design de Teresa Types, onde o conteúdo é ajustado em cada viagem — esta é a base do My Bookpack. O primeiro passo é traçar o perfil do cliente, através de um questionário. Idade, interesses, expectativas, duração da viagem e, “muito importante”, o orçamento disponível. “O nosso serviço vai desde aconselhar o melhor itinerário ou destino possível, dentro daquilo que as pessoas estão à procura, até sugerir locais onde podem dormir e algumas actividades que possam fazer, como trilhos e caminhadas, passeios a cavalo ou de jipe, visitas a museus e monumentos, variando de acordo com a região e o perfil dos clientes”, explica Ana ao telefone com o P3.
Havendo o aval do cliente, as reservas ficam a cargo de Ana e Leonor. Por fim, o guia chega ao cliente com informações sobre a rota definida e as experiências ou actividades marcadas, os contactos e moradas essenciais. Nunca esquecendo de “dar liberdade ao cliente para ele próprio explorar sozinho”.
Da lista de rotas já elaboradas, os Açores ocupam o primeiro lugar. E o interior do país é também “bastante procurado”. Em 2018, por exemplo, organizaram uma viagem à Serra de Aire, local de que “os clientes [em causa] nunca tinham ouvido falar”. É assim um “projecto de turismo diferenciador”, caracterizado pela ruralidade, onde “criar rotas alternativas e diferentes do que à primeira vista seria normal” é o mote para o “combate à sazonalidade”.
Os clientes mais frequentes chegam da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. Mas se o projecto foi criado a pensar nos “estrangeiros que não conheciam nada do país”, a procura do serviço por parte dos portugueses alargou o leque de clientes. “A verdade é que mesmo os portugueses não conhecem.” Por isso, “estão muito abertos às opções do interior e das ilhas”, por ser um “mundo desconhecido e diferente” das rotinas urbanas atribuladas. “Muitos não têm tempo para procurar alguma coisa que os surpreenda” e Ana e Leonor querem ajudá-los.
A duração da viagem determina o preço deste serviço. Os fins-de-semana têm o custo de 50 euros; até sete dias são 100 euros. Já as viagens com duração entre oito a 15 dias, as “mais comuns”, têm o preço de 135 euros. “Queremos ser uma agência acessível a qualquer viajante”, refere Ana. Por isso acreditam que, “apesar de não ser um preço para toda a gente”, com o trabalho de pesquisa e serviço personalizado, “as pessoas acabam por ver um valor acrescentado enorme” no My Bookpack.