Museu de Arte de São Paulo vai expor Leonor Antunes num ano dedicado às artistas mulheres
A escultora portuguesa vai dialogar com a obra de Lina Bo Bardi, numa exposição que se estenderá à Casa de Vidro, que tal como o MASP foi projectado pela arquitecta italo-brasileira.
Num ano em que apresenta uma programação centrada nas mulheres, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) vai comissariar em Dezembro uma exposição dedicada a Leonor Antunes. O zoom à escultora portuguesa, que é também o nome que Portugal levará em Maio à Bienal de Arte de Veneza, está incluído num programa de seis mostras monográficas em que museu junta nomes históricos como a arquitecta Lina Bo Bardi, que desenhou o próprio MASP, como Tarsila do Amaral e Djanira da Motta e Silva, duas visões muito diferentes do modernismo brasileiro.
Com curadoria de Amanda Carneiro, a exposição de Leonor Antunes será realizada em parceria com o Instituto Bardi, sendo exibida no MASP e na Casa de Vidro, outro projecto de Lina Bo Bardi. Contactada pelo PÚBLICO, Leonor Antunes, que irá em breve ao Brasil, disse que a exposição ainda não tem título.
O ano de 2019 do MASP organiza-se à volta do eixo curatorial Histórias das Mulheres, Histórias Feministas, estando prevista uma mostra colectiva internacional com o mesmo título, com curadoria de Isabella Rjeille, Mariana Leme e Lilia Schwarcz, que exibirá obras produzidas entre o século XVI e a actualidade. Nos anos anteriores, o museu apresentou Histórias da Sexualidade (2017) e Histórias Afro-Atlânticas (2018), tendo a última exposição atingindo o recorde de visitantes da actual direcção de Adriano Pedrosa.
“Muitos esforços têm sido empreendidos desde o final do século XIX para afirmar a importância das mulheres artistas e de suas obras, como a fundação, em Paris, da Union des femmes peintres et sculpteurs em 1881 e, mais recentemente, o surgimento do movimento #MeToo, contra o assédio sexual, em Hollywood”, escreve o MASP em comunicado de imprensa, acrescentando que a programação do museu tem como objectivo questionar os valores de género dentro da história da arte.
No segundo semestre, além da exposição de Leonor Antunes, estão também previstas duas outras exposições monográficas, de Gego, um nome histórico da abstracção venezuelana, e de Anna Bella Geiger, figura consagrada da arte contemporânea brasileira. A exposição de Gego fará uma itinerância que a levará ao Museu Jumex (Cidade do México), ao MACBA (Barcelona) e à Tate (Londres).
A exposição da arquitecta italo-brasileira Lina Lo Bardi (1914-1992), nome com que a obra brasileira de Álvaro Siza dialoga, intitula-se Lina Bo Bardi: Habitat e é uma parceria com o Museum of Contemporary Art Chicago e o Museo Jumex. “Como uma imigrante italiana no Brasil, Bo Bardi entendeu que as ideias modernistas europeias não poderiam ser aplicadas na América Latina sem adaptações, contaminações e diálogos com o contexto sociocultural local”, escreve o MASP. Uma percepção que lhe permitiu “mergulhar no contexto e no habitat brasileiro para criar uma linguagem única e radical de design, arquitectura e curadoria”. Foi para o MASP, um edifício que se confunde com a imagem de São Paulo, que Lina Bo Bardi propôs os seus singulares cavaletes de vidro, uma forma inovadora de expor pintura que não recorre ao suporte das paredes.