China junta-se a Rússia e Turquia na condenação à "interferência externa" na Venezuela
Pequim salienta "os esforços feitos pelo Governo venezuelano para proteger a soberania, a independência e a estabilidade do país".
O Governo da China juntou-se esta quinta-feira à Rússia e à Turquia na condenação da "interferência externa" na Venezuela, depois de os Estados Unidos terem reconhecido o opositor Juan Guaidó como Presidente interino do país.
"A China apoia os esforços feitos pelo Governo venezuelano para proteger a soberania, a independência e a estabilidade do país", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, apelando a todas as partes que encontrem uma solução pacífica.
"Quero salientar que as sanções ou a interferência externa costumam complicar ainda mais as situações e não contribuem para resolver os verdadeiros problemas", disse o responsável numa conferência de imprensa em Pequim.
Na última década, a China emprestou mais de 50 mil milhões de dólares (44 mil milhões de euros) à Venezuela em acordos de troca de petróleo pela cedência de empréstimos. Mas essa linha de crédito começou a fechar-se em 2015, quando a economia venezuelana entrou em declínio, pressionada pela queda nos preços do petróleo.
Esta quinta-feira, a Rússia e a Turquia também manifestaram o seu apoio ao Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, contra o reconhecimento de Juan Guaidó como Presidente interino pelos Estados Unidos e outros países.
Em declarações à agência Interfax, o presidente da câmara baixa do Parlamento russo, Viacheslav Volodin, disse que Moscovo pode vir a pôr fim à sua cooperação com Caracas se Maduro for deposto.
E o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, telefonou a Nicolás Maduro a manifestar-lhe o seu apoio: "O nosso Presidente ligou ao Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e disse-lhe: 'Maduro, meu irmão! Mantém-te firme, nós apoiamos-te!'", disse o porta-voz de Erdogan, Ibrahim Kalin, no Twitter.
Juan Guaidó é o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela – o Parlamento venezuelano, com maioria da oposição a Maduro, que foi esvaziado de poderes pelo Supremo Tribunal venezuelano.
No dia 11 de Janeiro, Guaidó foi apoiado na Assembleia Nacional como Presidente interino, chamando "usurpador" a Nicolás Maduro. Essa declaração foi feita um dia depois da tomada de posse de Maduro para mais um mandato de seis anos, na sequência de umas eleições boicotadas pela maioria da oposição e consideradas fraudulentas por muitos países da região e do resto do mundo.
O reconhecimento internacional de Juan Guaidó como Presidente interino foi reforçado na quarta-feira, com a declaração do Presidente norte-americano, a que se seguiram outros chefes de Estado.