Britânica EasyJet prepara mudança para a Áustria para contornar "Brexit"
Com 49% do seu capital fora do Reino Unido, a transportadora low cost vai completar até 29 de Março a transferência para a Áustria para contornar os efeitos que o "Brexit" possa ter na companhia aérea.
A transportadora aérea EasyJet vai passar a sua sede do Reino Unido para a Áustria com o objectivo de continuar a operar dentro da União Europeia, contornando os efeitos que o "Brexit" possa ter na companhia aérea.
De acordo com as informações disponibilizadas esta terça-feira, a EasyJet pretende estabelecer uma nova transportadora, a EasyJet Europe, com sede em Viena, na Áustria. A transferência deverá estar completa a 29 de Março, o dia agendado para a saída do Reino Unido da UE.
Com a incerteza do "Brexit" a pairar sobre os seus negócios, a operadora tem procurado uma nova licença de operação noutro país, que lhe permita continuar a beneficiar das mesmas condições nos voos realizados dentro da União Europeia.
A reestruturação do negócio vai envolver o novo registo de 110 aviões que passarão a estar sob a jurisdição austríaca, passo que deverá custar à companhia pelo menos 10 milhões de libras (cerca de 11 milhões de euros). Até agora, as negociações do "Brexit" já custaram muito mais que isso à companhia, sendo que só a desvalorização da moeda britânica levou a uma queda de 88 milhões de libras (100 milhões de euros) em 2016 e 82 milhões de libras (cerca de 93 milhões de euros) na primeira metade de 2017.
Apesar de afirmar que, quer a União Europeia quer o Reino Unido se comprometeram a assegurar que os voos continuem a operar, a partir de 29 de Março, mesmo se não houver um acordo de saída, a empresa diz que, neste momento, não sabe ainda se, depois do "Brexit, será capaz de voar entre o Reino Unido e a Europa e em que termos. E garante que continua a pressionar o governo britânico para chegar a um acordo no que toca às companhias aéreas, apelando a que o país se mantenha no mercado de aviação único.
Segundo a EasyJet, a mudança para Viena faz com que a companhia se torne pan-europeia e passe a possuir três sedes na Europa: Áustria, Suíça e Reino Unido. As três sedes serão controladas pela EasyJet plc que permanecerá listada na Bolsa de Valores de Londres.
EasyJet "bem preparada" para o "Brexit"
Com 130 aviões registados na Áustria, a companhia garantiu ficar "bem preparada" para responder ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia. Com cerca de 49% do capital já fora do Reino Unido, e com o objectivo de manter a propriedade e o controle da companhia na Área Económica Europeia (EEA), como é requerido na regulação da UE, a Easyjet afirma que "tem várias opções, incluindo o uso de provisões contidas nos seus Artigos de Associação que permitem suspender direitos para atender à vontade dos accionistas, ou forçar a venda de acções detidas por nacionais não-qualificados, bem como outras iniciativas".
A low cost que emprega mais de 4 mil funcionários em todo o continente europeu garantiu que a mudança para Viena não afectará os postos de emprego no Reino Unido e que os seus 6 mil funcionários só na Grã-Bretanha continuariam em Luton e noutras 11 bases que a EasyJet tem em todos o país.
Apesar da incerteza sobre o futuro, Johan Lundgren, CEO da Easyjet, afirmou que a procura no Reino Unido "permaneceu sólida, com reservas para este verão já 1% à frente do ano passado", disse o CEO ao The Guardian.
No comunicado que divulga o relatório de contas de 2018, a companhia aérea diz ainda ter transportado 21,6 milhões de passageiros, uma subida de 15,1% face o ano anterior, e revela que a facturação subiu 13,7% para 1468 milhões de euros.
Também em comunicado, a transportadora aérea informou esta terça-feira que os custos devido à suspensão da operação em Gatwick, um dos aeroportos que serve Londres, devido à presença de drones, chegou quase aos 17 milhões de euros (15 milhões de libras).
A companhia afirmou ter destinado 11 milhões de euros em indemnizações para os passageiros e que perdeu 5,6 milhões de euros em bilhetes, no incidente registado em Dezembro. A EasyJet precisou que o incidente afectou 82 mil passageiros e provocou o cancelamento de mais de 400 voos. Com Lusa