Moreira aprova parquímetros no Ocidente do Porto contra vontade da oposição
Três mil lugares de estacionamento, em pelo menos 42 ruas da zona Ocidental da cidade, vão passar a ser pagos . Lugares privativos também acabam já em 2020
A solução sonhada por Rui Moreira não era esta. Mas depois de uma reprovação da sua ideia original pela Assembleia Municipal, em Outubro, o presidente da autarquia portuense levou uma outra proposta à reunião de câmara e, desta vez, depois da aprovação do seu executivo contra votos contra de toda a oposição, diz não precisar de aprovação da AM para a pôr em prática. A zona ocidental da cidade vai passar a ter parquímetros em pelo menos 42 ruas, algures entre o final deste ano e o início do próximo. Em causa, estão três mil lugares de estacionamento e o concurso público tem 2,24 milhões de euros para o concretizar.
Ao contrário de outras zonas da cidade, onde o estacionamento é concessionado, nesta será a câmara a contratar os serviços necessários, como instalação da tecnologia e sua manutenção. “Achamos que o modelo anterior era melhor”, admitiu Rui Moreira, explicando que esta foi a saída possível: “Encontrámos outra forma de o fazer. Internalizar o que queríamos externalizar.” O presidente reagia às dúvidas do socialista Manuel Pizarro, que inquiria o executivo sobre esta opção com uma “equação económica muito negativa” se comparada com a alcançada com a concessão.
A câmara estima conseguir uma receita de um milhão de euros anuais com estes parquímetros, estando previsto gastar cerca de 750 mil euros por ano. A isso, sublinhou Manuel Pizarro, terá de se juntar o gasto com pessoal para fiscalização: “15 a 20” trabalhadores, segundo as contas camarárias. “A margem de negócio é incomparavelmente inferior”, referiu, perante a despreocupação de Moreira com o tema: “A Câmara do Porto vive bem sem esta receita.”
Polémicas à parte, o executivo apresentou, pela voz do director municipal de mobilidade e transportes, Manuel Alves Teixeira, as vantagens de taxar o estacionamento. Racionalizar o uso de veículo próprio, passar automóveis parados à superfície para estacionamento fora do espaço público. E ainda aumentar a oferta de estacionamento para comerciantes e residentes (que podem ter avença anual, por valor de 25 euros), diminuir as transgressões com mais vigilância, proporcionar melhor circulação de transportes públicos e melhor ambiente.
Uso do carro ainda é excessivo
Citando dados dos últimos censos, a proposta de Moreira lembrava que, no Porto, mais de metade dos moradores (52%) usam carro para se deslocarem para o trabalho ou escola e apenas 26% usam o transporte colectivo. E aqui a diferença entre o Ocidente e o resto da cidade é significativo, com esta zona da cidade junto ao mar a usar muito mais o automóvel.
Também os lugares privados deixarão de existir, já em 2020, por a autarquia considerar essa fórmula uma “privatização do espaço público". Para compensar quem tem agora esses lugares e a instalação de parquímetros, estão a ser pensados dois novos parques municipais, um na zona do Aviz e outro na Foz do Douro.
Apesar de concordar com a internalização do serviço, Ilda Figueiredo, da CDU, classifica como excessivo o número de lugares que passarão a ser pagos. E Álvaro Almeida, do PSD, numa discussão acesa com Rui Moreira, deixou também a sua reprovação à dimensão da intervenção. Para os sociais-democratas só faz serviço colocar parquímetros em zonas maioritariamente comerciais.