Investigação à gestão da CGD ainda não tem arguidos
Ministério Público tem na sua posse, desde Julho do ano passado, a auditoria da EY à gestão do banco público entre 2000 e 2015. Documento foi junto a uma investigação que havia arrancado antes e que ainda não tem arguidos.
A auditoria da EY chegou à Procuradoria-Geral da República (PGR) em Julho do ano passado e, segundo explicou esta terça-feira fonte oficial da entidade ao PÚBLICO, o caso ainda não tem arguidos constituídos, tendo sido "junto a um inquérito já existente a correr termos no DCIAP".
"O inquérito onde se investigam factos relacionados com a Caixa Geral de Depósitos encontra-se em investigação, estando em curso diligências abrangidas por segredo de justiça. Não tem arguidos constituídos", completou a mesma fonte.
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) tem em curso, desde Setembro de 2016, uma investigação à concessão de créditos sem garantias a 100 dos maiores credores do banco, que podem constituir práticas criminosas de "administração danosa", entre outros.
Segundo noticiou o Negócios em Julho do ano passado, o Ministério Público suspeita de uma "intencional prática de favorecimento de determinados agentes económicos em detrimento de outros" e de uma omissão "deliberada" sobre o incumprimento em determinados créditos. Esta investigação arrancou durante a breve passagem de António Domingues pela presidência CGD.
A PGR explicou ainda, através de fonte oficial que "muito recentemente foi recebido na Procuradoria-Geral da República, um pedido, proveniente da Assembleia da República (Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa), de acesso ao referido relatório [da EY]. A solicitação foi encaminhada para análise no âmbito do processo respectivo". Isto na sequência da repetida recusa dos responsáveis da Caixa de fornecer a lista dos maiores devedores do banco durante a comissão parlamentar sobre a gestão do banco público, alegando sigilo bancário e segredo de justiça.
A auditoria da EY à gestão da Caixa concluiu, de acordo com uma versão preliminar conhecida esta semana, que foram concedidos centenas de créditos sem o cumprimento das regras, nomeadamente ignorando a avaliação negativa sobre o risco das operações. E que resultaram em perdas para o banco superiores a mil milhões de euros, só até 2015. Apesar disso, os gestores continuaram a receber prémios de gestão. O banco público necessitou de uma recapitalização de perto de cinco mil milhões de euros em 2016 para "limpar" todas as imparidades geradas pelos referidos créditos.