Comida quente no frigorífico? Os mitos mais comuns sobre os alimentos

A regra dos cinco segundos, a ideia de que quem cozinha tem sempre as mãos limpas, lavar a carne antes de a cozinhar ou o prazo de validade dos iogurtes são algumas das questões mais comuns identificadas em inquérito nacional.

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Aida Solomon/Unsplash

Investigadores da Escola Superior de Biotecnologia do Porto concluíram, com base num inquérito realizado a 100 portugueses sobre mitos alimentares, que as estratégias de comunicação sobre segurança e higiene alimentar não estão a ser "eficazes". O inquérito online, no âmbito do projecto europeu SafeconsumE, tinha como propósito desvendar se as crenças alimentares dos portugueses eram assentes em pressupostos científicos.

A regra dos cinco segundos, a ideia de que quem cozinha tem sempre as mãos limpas, lavar a carne antes de a cozinhar ou o prazo de validade dos iogurtes são algumas das questões mais comuns identificadas pelos inquiridos, revela a investigadora Paula Teixeira, responsável pelo SafeconsumE. Contudo, foram questões como o "mito dos ovos", o guardar alimentos quentes no frigorifico e o facto de as pessoas acreditarem "piamente nos seus sentidos", que causaram maior "incredulidade" à equipa.

"Algumas pessoas disseram que os ovos que flutuam na água estão estragados. O ovo pode até não estar estragado mas, regra geral, não se deve comer", frisou. "Outras disseram o que, de facto, é mito: que para saber se um ovo é seguro devo verificar se flutua ou não em água. Não podemos verificar isso [assim], apenas em laboratório."

Relativamente à colocação de alimentos quentes no frigorífico, Paula Teixeira explica que não é "por serem guardados quentes que se estragam", mas sim porque demoram mais tempo a arrefecer, dando "tempo suficiente aos organismos que vão estragar o alimento para crescerem".

Quanto ao facto de as pessoas recorrem aos sentidos para detectar se o alimento está estragado, a investigadora esclareceu que grande parte das bactérias causadoras de doença "não estragam nada", na medida em que são "tão silenciosas" que não é notória qualquer alteração.

Segundo a responsável, é por isso necessário "arranjar formas" de desmistificar algumas questões e perceber quais as "barreiras" à implementação de práticas seguras, de modo a transmitir a mensagem correcta aos consumidores. Paula Teixeira revelou que estão a ser preparadas actividades para serem demonstradas em escolas, uma estratégia que acredita ser "importante" para a alteração de alguns comportamentos.

Este estudo da Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica Portuguesa do Porto insere-se no projecto europeu SafeconsumE, uma iniciativa que envolve 11 países e pretende, num prazo de cinco anos, alterar comportamentos e dotar o consumidor de ferramentas que permitam implementar melhores práticas de segurança alimentar.

"Muitas das mensagens em higiene e segurança alimentar não estão a ser eficazes. O problema não é dos consumidores, o problema é dos comunicadores, porque a mensagem não está a passar de forma convincente", salientou.