Ordem analisa queixa sobre médico afastado do INEM
Médico de Évora foi afastado por alegadamente ter simulado estar doente para não transportar um doente por helicóptero.
A Ordem dos Médicos está a analisar uma queixa sobre o clínico António Peças, que foi afastado do INEM por alegadamente se ter recusado a transportar doentes, na sequência de uma denúncia anónima. Assunto está nas mãos do conselho disciplinar do Sul da Ordem.
Também esta quinta-feira, a Procuradoria-geral da República confirmou à Lusa a existência de um inquérito no Departamento de Investigação e Acção Penal de Évora, que se encontra em investigação e sem arguidos constituídos.
De acordo com o bastonário dos Médicos, a queixa anónima referente a António Peças chegou à Ordem há "algum tempo", tendo o assunto sido remetido para o conselho disciplinar do Sul, órgão que pode decidir abrir um processo disciplinar.
Ao PÚBLICO, Miguel Guimarães explicou que o processo "está a ser avaliado" e está "em fase de instrução”. Em causa está “a denúncia anónima de um grupo de médicos que relatava factos que podiam não respeitar o código deontológico". A denúncia, acrescenta o bastonário, "tinha fundamento”.
Na próxima semana haverá uma reunião do conselho disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos e este poderá ser um dos temas analisados.
No início da semana, a SIC divulgou uma reportagem que dava conta de que o médico António Peças foi afastado do INEM depois de ter, alegadamente, simulado uma doença para não transportar um doente, enquanto se encontrava numa corrida de touros. António Peças é médico cirurgião do hospital de Évora e faz também trabalho para o INEM.
Esta quinta-feira, o jornal Observador divulga outros dois casos que o INEM terá investigado e em que o médico António Peças terá, alegadamente, mostrado resistência em transportar doentes.
O caso em que António Peças terá, alegadamente, simulado uma doença para não acompanhar um doente no helicóptero do INEM remonta a Outubro de 2017.
Segundo confirmou à Lusa uma fonte do INEM, em Fevereiro de 2018 foi endereçada uma queixa anónima sobre António Peças à Ordem dos Médicos e à Inspecção-geral das Actividades em Saúde, com conhecimento ao INEM.
Entretanto, o INEM abriu uma investigação interna no final de Fevereiro do ano passado e o processo acabou por ser concluído em Dezembro, segundo a mesma fonte do INEM.
A Inspecção-geral das Actividades em Saúde (IGAS) também fez saber nesta quinta-feira que instaurou um inquérito disciplinar ao médico afastado pelo INEM que alegadamente recusou indevidamente o helitransporte de um doente.
Em resposta à agência Lusa, a IGAS indica que o processo é "de natureza secreta" até à acusação, estando neste momento em instrução.
A IGAS indica igualmente que tomou conta, em Março de 2018, do processo de inquérito instaurado pelo hospital Espírito Santo de Évora, a pedido do conselho de administração do hospital.
António Peças trabalha no hospital de Évora e fazia serviço para o INEM.