Vistos gold: decisão de julgamento marcada para hoje

Entre os 19 arguidos que aguardam decisão judicial está o ex-ministro Miguel Macedo e o antigo presidente do Instituto de Registos e Notariado António Figueiredo.

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Ministério Público pediu uma pena suspensa de cinco anos para o ex-ministro Miguel Macedo Enric Vives-Rubio

A leitura do acórdão do processo Vistos gold está marcada para sexta-feira, após três adiamentos, o último dos quais devido à greve parcial dos funcionários judiciais, a 21 de Dezembro.

O ex-ministro Miguel Macedo, o antigo presidente do Instituto de Registos e Notariado António Figueiredo e outros 19 arguidos aguardam a decisão judicial, quase dois anos após o início do julgamento.

O julgamento, que contou com 73 sessões, começou em 13 de Fevereiro de 2017 e teve o acórdão previsto para 21 de Setembro, mas o juiz presidente adiou-o para 17 de Maio de 2019.

Por indicação do Conselho Superior da Magistratura, a decisão teve de ser antecipada e o juiz decidiu marcar a leitura para dia 21 de Dezembro. Contudo, a greve parcial dos funcionários judiciais obrigou o juiz a adiar a leitura do acórdão.

O Ministério Público pediu a condenação de Miguel Macedo, ex-ministro da Administração Interna no governo PSD/CDS, a cinco anos de prisão, pena passível de ser suspensa na sua execução, oito anos de prisão para António Figueiredo e ainda suspensão de funções públicas durante dois a três anos.

Para os restantes arguidos, o procurador José Nisa pediu a condenação a uma pena não superior a cinco anos de prisão, admitindo que possa ser suspensa.

A excepção foi para o empresário Jaime Gomes, para quem pediu prisão efectiva por corrupção passiva, prevaricação de titular de cargo político em co-autoria com Miguel Macedo, António Figueiredo e Jarmela Palos [ex-director do Serviço de Estrangeiros e Fronteira] e tráfico de influência.

No caso de Jarmela Palos, o Ministério Público deu como provada a corrupção passiva, pedindo uma pena de até cinco anos de prisão, podendo ser suspensa na sua execução, mas admitiu que este arguido seja absolvido de um dos dois crimes de prevaricação.

Miguel Macedo demitiu-se do cargo de ministro em Novembro de 2014 depois de o Ministério Público lhe imputar o alegado favorecimento de um grupo de pessoas que pretendia lucrar de forma ilícita com a atribuição de vistos gold, realizando negócios imobiliários lucrativos com empresários chineses que pretendiam obter autorização de residência para investimento.

Desse grupo faziam parte, alegadamente, Jaime Gomes, empresário e amigo de Miguel Macedo, António Figueiredo e o empresário chinês Zhu Xiaodong.

Em causa estão também alegados favorecimentos a uma empresa de Paulo Lalanda de Castro, ex-patrão da farmacêutica Octopharma, acusado de tráfico de influências e ao grupo Bragaparques.

Miguel Macedo foi acusado de prevaricação de titular de cargo político e tráfico de influência, António Figueiredo respondeu em julgamento por corrupção passiva, recebimento indevido de vantagem, peculato de uso, tráfico de influência, prevaricação e branqueamento de capitais.

Maria Antónia Anes, antiga secretária-geral do Ministério da Justiça, responde por corrupção activa para a prática de ato ilícito, corrupção passiva para a prática de ato ilícito e tráfico de influência e os empresários chineses Zhu Xiaodong, Zhu Baoe e Xia Baoling por corrupção activa e de tráfico de influências.

Para o julgamento, os 21 arguidos arrolaram 216 testemunhas e o Ministério Público 208.