Economia mundial e Apple prolongam fase negativa nos mercados
Indicadores económicos que apontam para um abrandamento, especialmente na China, continuam a preocupar os investidores, que foram ainda surpreendidos pelo aviso da Apple de que os seus últimos resultados podem ser menos positivos.
O corte nas previsões de receitas de uma das mais empresas mais valiosas do mundo juntou-se aos receios de um forte abrandamento da economia mundial e colocaram as bolsas asiáticas e europeias novamente em trajectória descendente na manhã desta quinta-feira, prolongando o ambiente negativo que se tem vindo a verificar nas últimas semanas nos mercados internacionais.
A bolsa de Lisboa foi um dos mercados com um arranque negativo. Às 9h desta quinta-feira, o índice PSI-20 registava uma perda de 0,39%. No resto da Europa, a generalidade dos índices também apresentava perdas, com o Stoxx 600, que agrega os principais títulos do continente a cair 0,41%.
Durante a madrugada, os mercados asiáticos já tinham mostrado que se estaria perante mais um dia com tendência negativa. O índice MSCI, que agrega as principais acções asiáticas, registou uma quebra de 0,6%. A expectativa é agora, de acordo com o que está a acontecer nos mercados de futuros, que em Nova Iorque, a bolsa abra também com perdas.
Estes resultados mostram que o ambiente de tensão a que se tem assistido nos mercados durante as últimas semanas, e que contribuiu para que muitas fortunas em bolsa se tenham reduzido acentuadamente durante o ano de 2018, se está a prolongar no arranque de 2019.
A contribuir para este ambiente esteve, na quarta-feira, a divulgação de indicadores económicos negativos um pouco por todo o mundo. Os índices de encomendas na indústria registaram em vários países europeus e asiáticos abrandamentos significativos, sendo particularmente notada a queda verificada na China, algo que já não acontecia há dois anos. Existe o receio de que estes indicadores representem as primeiras consequências do conflito comercial a que se tem vindo a assistir entre os EUA e a China.
Esta quarta-feira, as autoridades chinesas procuraram reagir aos resultados anunciando novas medidas expansionistas a nível monetário. Os mercados contudo não parecem estar para já impressionados, tendo sido ainda surpreendidos pelo anúncio feito pela Apple, uma das empresas do mundo com maior capitalização bolsista, de uma possível baixa das vendas.
A Apple assinalou que o abrandamento no consumo da China e o facto de terem sido feitas menos actualizações aos seus telemóveis pode ter prejudicado os resultados obtidos no último trimestre do ano passado. Esta informação – que pretende preparar os investidores para os resultados oficiais do trimestre a apresentar mais tarde – afecta a cotação da própria Apple, mas pode ter impactos no resto dos títulos, já que aponta para uma deterioração das condições da economia mundial e em particular da China. Além disso, esta quinta-feira foi já evidente a descida registada no valor das acções das empresas asiáticas fornecedoras da Apple.